sábado, 28 de agosto de 2010

"Você não existe..."

Já devem ter notado que adoro uma referência musical. É que minha frustração eterna - não ter sido músico, harmonizando a la Toninho Horta e virtuoso o suficiente pra interpretar qualquer coisa, de Zeppelin a Bach - me espeta o tempo todo. Tem outra razão, também prefiro poesia musicada, garantia de orgasmo duplo, letra e música mais o bônus do arranjo, belas vozes, interpretações...

Ai, redescobrindo “Quem te viu, quem te vê” do Chico, surfei até o saite (Obrigado Millôr) oficial do gênio. Nas palavras de Ruy Guerra,” Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam. Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção."
É isso mesmo. Tudo foi dito.

(...)

O Jansen, há muitos anos atrás, na casa (de então) do João Carlos Cavalcanti, acho que pros lados de Ribeirão das Neves, disse algo semelhante sobre uma gata que um médico residente pupilo do Tusta levou como companhia. 
Estávamos todos entre cervejas, violão e o bate papo de sempre. Só que a mulher era um exagero, impossível de ser ignorada. Quebrava a concentração, era o ponto focal, chegava a incomodar - no bom sentido. 
Eu era jovem demais, algo como uns 17 anos or so. Administrava aquilo resignado, sabendo que não era pro meu bico. Já o Jansen, não conseguia se livrar do imã que era aquela pele morena dentro de uma bermuda branca apertada. Então bebeu, bebeu, e bebeu mais...Muito. Momentos depois, conseguiu se libertar e ignorá-la. Daí em diante passou a aproveitar a festa e a conversar.

Eis então, que ignorada, a moça se inquietou com aquilo. Como algum homem poderia passar impassível por sua presença abundante???
Ela então desatou a se insinuar pro Jansen, sensual, provocante. O Alberto, o pupilo do Tusta, fingia nada perceber. Não valeria mesmo o desgaste.  A moça estava fishing
Mas era tarde, o Jansen estava bêbado...E livre.


Bom, a certa altura ela estourou:
- Ei, não tá me vendo aqui não???
O Jansen de estalo, com certo descuido e um tédio meio Francis:
- Você não existe. É um delírio da minha cabeça. Você não está aqui, nunca esteve, porque você não existe...Não dá pra falar com alguém que não existe.  

Jansen estava certo: a mulher era boa demais... uma ficção.

(...)

Ruy Guerra também, Chico não existe!!!

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