terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Meu caro amigo"

A política – “aqui na terra...” - continua a ser tratada como um embate futebolístico. O negócio é ganhar o jogo. Esse é o fim em si mesmo.
Confesso meu atavismo e acho que não tenho mesmo cura, sou um sonhador. Anacrônico, educado por um motorista de caminhão e uma professora do primário, ainda gostaria de acreditar que bom mesmo é ter um ideal, ser honesto, sincero. Não caberia confortavelmente nesse mundo, todavia.
Porém não coopto.
Ai patino, no trabalho, na vida, nas relações pessoais.
Dane-se! Velho demais pra mudar estou, mestre Yoda.

Houve um ponto em nossa história recente onde migramos do obscurantismo religioso para um iluminismo pragmático, amoral. Adeus tabus - o que foi bom - mas adeus também aos valores, de cujo conteúdo dogmático infelizmente nos livramos. Fui testemunha ocular, nos anos 80.
Em parte devemos isso aos psicólogos televisivos, que deram muito Ibope e falaram muita besteira, por modismo e/ou inconsequência.
Mas a maior parte ao statu quo, sempre favorável aos que detém poder e influência ao mesmo tempo que implacável com todos os outros.
O exemplo sempre veio primeiro de cima... ai virou moda. Liberou geral.
A gente se cansou de ver gente descumprindo o que é amplamente disseminado (ideologicamente, claro, só pra garantir que não roubem deles, enquanto eles roubam de todos, impunemente) como honestidade, cumprimento das leis.

Pode-se tudo. Ser politicamente correto virou sinônimo de “Mané”. Tudo é ridicularizável. Extrapolamos a ironia, o sarcasmo, o humor ferino sobre nossas próprias vicissitudes e deficiências. Isso agora é imbecilismo, não é rir pra aprender com nossa desgraça. É rir de tudo, de todos, o tempo todo, feito hienas.

Daí vieram os psicopatas da nova geração, esses que já "brincaram" de queimar indigentes vivos nos abrigos de ônibus de Brasília. Esses que já saíram das baladas dirigindo suas “beamers”, bêbados, pela contramão do Anel Rodoviário em direção ao BH Shopping, matando assim inocentes em seus carrinhos nacionais sem air bags.
Punição??? Que tal a proibição de pilotar o helicóptero da família?
Fazem piada. Dá Pânico.

Daí vieram também quem mataria a mãe por alguns minutos de exposição na televisão, ou pela audiência, a luta irresponsável pelo Ibope. Vale mostrar qualquer coisa.

Daí vieram principalmente a eleição continuada desses nossos políticos.
Usurpadores de tudo, todos, o tempo todo.
Virou balcão de negócios, benesses, sinecuras.
Sei não...

Agora reclamar do Tiririca? Porque ele é analfabeto?
Foi eleito com mais de 1,3 milhão de votos. E concordo com ele: "pior que tá não fica".
É triste na mesma proporção em que é verdade.
Os profissionais letrados são do naipe dos barbalhos, malufs, dirceus, sarneys, genoinos e por ai vai. E squid não é nenhuma sumidade em matéria de letras, e é presidente há 8 anos.

Entre eles e o palhaço fico com o palhaço. 
Já está uma palhaçada mesmo...
Isso tem que pelo menos servir pra ridicularizá-los a um ponto inaceitável.
Ai ou mudamos nós, ou mudam eles: pro Alaska, Madagascar, Springfield ou pra PQP.

E o cara ainda alardeou a ignorância nacional como sendo virtude cívica.

É...
“Mas o que eu quero é te dizer que a coisa aqui tá preta...”.

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