segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Não deu peixe.

Sempre sofri de insônia, acho que desde muito jovem. Pelo menos de insônia noturna.
Notívago, durmo com mais facilidade quando deveria estar acordado, pela manhã.
Nunca foi fácil, então, seguir os parâmetros tidos como normais. Já carreguei o estigma de preguiçoso e ostentei fama de que nunca conseguiria me adaptar a um trabalho normal, com entrada às oito e saída às seis. E de fato evitei tal lei marcial até quase os meus trinta anos. Dormia até o meio dia, sem dor na consciência. Nunca fui mesmo um defensor da "ética do trabalho" nem adepto do arquétipo do proletário.
Mas "we gotta do what we gotta do".

(...)

Tiro algumas vantagens da insônia, às vezes. A paz e o silêncio e solidão da madrugada já me proporcionaram bons frutos. Mas nem sempre isso é possível. Por vezes, simplesmente "não dá peixe", como em qualquer pescaria.
Todavia, como toda compulsão, insisto...

Sem inspiração, recorro à ajuda do Blanc (esse sempre inspirado):
"(...) confessei: o mar é meu pecado!
Eu errei, quis ser rei,
soberbei...
Orassamba
acreadeço
pela esfoladura em minhas mãos
na palma em concha o anjo ressurrei
aluciassassinado
A sereia na rocha
me avisou mas eu soberbei
o fanal com a tocha
me avisou mas eu recomecei
Orassamba, não perdoe
esse mergulhorgulho, pescador
que de uma outra vez
com São Pedro
eu ando sobre as águas!"(1)
_____________________________
(1) Orassamba, Guinga e Aldir Blanc.

Nenhum comentário:

Postar um comentário