sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Liberdade, liberdade...

Transcrevo do Saite do Millôr, na íntegra (esse copy/paste é mesmo um achado pra falta de inspiração):

"Liberdade, Liberdade" estreou no dia 21 de abril de 1965, no Rio de Janeiro, numa produção do Grupo Opinião e do Teatro de Arena de São Paulo.
Os papéis foram representados por Paulo Autran , Nara Leão e Oduvaldo Vianna Filho com a participação especial de Tereza Rachel.

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A LIBERDADE DE MILLÔR FERNANDES
Também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto. (Epígrafe para o livro Um Elefante no Caos.)

Aceitei, de Flávio Rangel, o convite para escrever com ele o presente espetáculo, por dois motivos: 1º) Porque sou um escritor profissional. 2º) Porque acho esse negócio de liberdade muito bacana. Não tenho procurado outra coisa na vida senão ser livre. Livre das pressões terríveis da vida econômica, livre das pressões terríveis dos conflitos humanos, livre para o exercício total da vida física e mental, livre das idéias feitas e mastigadas. Tenho, como Shaw, uma insopitável desconfiança de qualquer idéia que já venha sendo proclamada por mais de dez anos. Mas paremos por aqui. Isso poderia se alongar por várias laudas e terminar em tratado que ninguém leria. Tentamos fazer um espetáculo que servisse à hora presente, dominada, no Brasil, por uma mentalidade que, sejam quais sejam as suas qualidades ou boas intenções, é nitidamente borocochô. E cuja palavra de ordem parece ser retroagir, retroagir, retroagir. E como não queremos retroagir senão para a frente, mandamos aqui a nossa modesta brasa, numa forma que, para ser válida e atingir seus objetivos espetaculares, tinha que ser teatralmente atraente. Se conseguimos ou não o nosso objetivo deverão dizê-lo as poltronas cheias (ou vazias) do teatro. Fizemos, em suma, uma liberdade como podia concebê-la a modéstia e as limitações de nossas mentalidades - minha e de Flávio Rangel - sottosviluppatas. Mas também vocês não iam querer um liberdadão enorme, feito aquela que está em Nova Iorque. A gente tem que começar por baixo. Como os Estados Unidos, por exemplo: começou com um país só.

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