segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Homenagem à irrelevância

Dedico essa à Surita e Rosário, pelo rosário de irrelevâncias que fazem seus nomes saírem da obscuridade para os holofotes das bizarrices.

Talvez a genialidade de Guinga e Nei Lopes nunca sejam compreendidas pelas homenageadas... porém.

Fox e trote
(Guinga e Nei Lopes)
 

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Igual a jazz ou atonais
Sons de Debussy
Num mocotó ou num forró
em Paracambi.
Municipal, um recital 

e eu de calça Lee...
Foi como o Miles Davis, doido no carnaval,
tocando no Orfeão Portugal.

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Como orações pentecostais
louvando Zumbi
Como freeways monumentais pra daqui ali
ou certas leis que o homem faz
pra não se cumprir

Foi como um trio elétrico em um funeral
mandando funk, rap geral
Golpe de azar, sina de estar num mau lugar
na hora errada,
Eu que pensei mais uma vez que essa era dez 

Que dez que nada!

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Igual a jazz ou atonais
Sons de Debussy
Como orações pentecostais
Louvando Zumbi
Municipal, um recital e eu de calça lee...
Foi como um trio elétrico descendo o Pelô
desrespeitando Dona Canô
Golpe de azar, sina de estar num mau lugar
na hora errada,
Eu que pensei mais uma vez que essa era dez

Que dez que nada!
Meu peito de aço inox,
de Dom Quixote
dançou no fim do fox:
Levei um trote.

sábado, 24 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pau é pau, pedra é pedra. Pelo menos lá na minha terra.

Normalmente me curvo à lógica, argumentação, provas.
Leio ambos os lados, embora estilisticamente pra mim só haja um: o bom. O ruim... é ruim demais para o meu gosto.
Como qualquer outro, já acreditei em quem não devia, supondo imparcialidade científica da fonte, endossada por cátedras. Até topei com alguns pela vida, e não eram assim, até onde me lembro. Pareciam mesmo fiéis ao método científico.
Porém, agora acompanho decepcionado o estratagema soft que alguns utilizam através do simulacro de imparcialidade travestida de erudição acadêmica, quando na verdade, são nada mais que peças e agentes de uma estratégia muito bem definida, formalizada por Gramsci e alguns outros. Dissimulam, emulam quem não são.
Em suma, são cientificamente falsos. Cabe como exemplo o que disse o Paulo Briguet num artigo: "A luta de classes, conceito tão científico quanto a existência do boitatá..."
Da Wikipédia: O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou expansão da área de abrangência de conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis - baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

Chamam de "moralismo udenista" hoje o que outrora estamparam como bandeira (leiam mais abaixo o pronunciamento do J. Vasconcelos no Senado em 05/09/2011). Isso por si só já desabonaria sua opinião, mas vai além, decreta o relativismo oportunista que pode, pela mais absoluta hegemonia, acabar virando lei.
Não sou sociólogo, quis foi ser matemático... e terminei analista de sistemas. Método científico pra mim é o esteio, o caminho da verdade. Qualquer outra coisa no mais das vezes termina em embuste.

Mas há uma turma ai enroscada em benesses, seja por meio de ONGs - cujo valor real dos projetos não "bate" com o valor monetário dos convênios -, seja por patrocínios de estatais ou perdão de dívidas milionárias no BNDES. São bons mesmo é em marketing e propaganda.
A caixa financia uns tantos, enquanto do outro lado (da caixa) desaparece quase 1 bilhão em misteriosa "falha" de sistema (e olha que disso entendo um pouquinho. Aqui ohhhh!!!).
Uns indicam os outros, são uma famiglia.
Parafraseando o PhA, seja lá o que disserem, duvide, grite seis, faça o contrário. Há menos chance assim de cair no engôdo. É só "boquete ideológico", como diria o Millôr.
Já eu, vou além (sou menos polido): 69 descarado mesmo, e nem sempre entre gêneros diferentes.

"E eu acreditei...", invocando o Alvarenga do Jô no Viva o Gordo de 87 (acho). "Eu me odeio"...

Vide abaixo um pronunciamento do Jarbas no site do Senado. É a cosa nostra ou não é?
Autor Jarbas Vasconcelos (PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro /PE)
Data 05/09/2011 Casa Senado Federal Tipo Discurso


O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB – PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente.
Srª Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, se existe um partido político no Brasil que teve seu crescimento fortemente ligado à liberdade de imprensa, esse foi o Partido dos Trabalhadores. O mesmo se aplica à trajetória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Então, Srª Presidente, qual a razão de ambos insistirem em criticar a imprensa, ameaçando com a imposição de regras que visam tão somente impedir que os jornalistas exerçam o seu papel democrático de fiscalizar, denunciar e defender os interesses da maioria da sociedade?
Não queremos uma imprensa governista. Já basta a cooptação que o Governo fez com os chamados “movimentos sociais”, que viraram meros apêndices do PT.
Toda vez que algum malfeito petista aparece nas páginas dos jornais e das revistas, a cúpula do PT se apressa em ressuscitar o chamado “marco regulatório da mídia”, nome pomposo para um verdadeiro tribunal inquisidor da comunicação que os petistas querem implantar no Brasil.
Pela lógica do Partido dos Trabalhadores, quem deixar de rezar pela cartilha vai ser jogado na fogueira do autoritarismo petista, disfarçado de progressista e democrático. “A imprensa é golpista”, dizem os petistas, mas golpista era o PT quando estava na oposição e ia às ruas pregar o “fora FHC”. Certo estava Leonel Brizola, de saudosa memória, quando dizia que o PT era a “UDN de macacão”.
Desta vez, a chantagem petista decorre da reportagem que a revista Veja publicou na semana passada, revelando que o ex-ministro José Dirceu montou um escritório informal em um hotel aqui de Brasília para receber ministros, deputados, senadores e dirigentes de estatais, como o presidente da Petrobras. Uma variedade impressionante de “audiências”, funcionando, na prática, como um anexo da Casa Civil da Presidência da República, Casa Civil, inclusive, de onde já tinha sido expulso anteriormente José Dirceu.
Trata-se, nunca é bom esquecer, Srª Presidente, do mesmo ex-ministro que o procurador-geral da República acusou de ser o “chefe de uma sofisticada organização criminosa” no processo do chamado “mensalão”.
O ex-ministro ficou indignado e acusou a revista de espionagem. O fato é que José Dirceu prefere agir – como sempre o fez – nas sombras, incógnito, disfarçado, quase um personagem de filmes de espionagem ou um gângster, agora exercendo o papel bem remunerado de “consultor-geral da República”. Felizmente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, esse tipo de comportamento não combina mais com o Brasil dos tempos atuais. Também não combina com o Brasil do presente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, qualquer tentativa de cercear a liberdade de imprensa. Existem instrumentos disponíveis para que eventuais excessos e equívocos sejam punidos devidamente.
É preferível uma imprensa cometendo excessos, e buscando reparar seus próprios erros, do que uma imprensa tutelada pelo poderoso de plantão.
Já baste o que denunciou recentemente a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), que mostrou um aumento nos casos de assassinatos de jornalistas no Brasil.
De agosto de 2010 a agosto deste ano, foram registradas cinco mortes em que há indícios de ligação com a atividade profissional. No relatório anterior da entidade, que abrangeu um período de dois anos, foi registrado apenas um homicídio, e por motivos não relacionados ao exercício da profissão.
Outra questão bastante grave, para a qual chamo a atenção do Plenário, é a expansão das censuras impostas a veículos de comunicação. Nos últimos doze meses, foram 12 casos contra 19, nos dois anos anteriores. A maior parte das decisões de censura da imprensa partiu justamente do Poder Judiciário.
O caso mais exemplar é o do jornal O Estado de S. Paulo, que há 766 dias foi proibido, por um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, de publicar qualquer informação sobre o envolvimento do empresário Fernando Sarney em acusações de tráfico de influência no âmbito do Governo Federal, caso investigado pela Polícia Federal na “Operação Faktor”.
Srªs e Srs. Senadores, se absurdos como esses acontecem agora, há de se imaginar os riscos que corremos, caso o tal “marco regulatório” do PT seja aprovado. Teremos um Brasil no qual os aliados do Governo serão tratados de forma diferenciada, pois não são “pessoas comuns”, para usar a expressão do próprio Lula em relação ao Senador José Sarney.
O Presidente Nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem que vai fazer uma campanha para pressionar o Congresso Nacional a aprovar uma proposta de regulamentação da mídia.
Quero aqui afirmar que vão encontrar em mim um adversário ferrenho de qualquer proposta que pretenda limitar a liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia. Se os petistas querem ver os jornalistas censurados, aconselho a visitar seus amigos ditadores da Venezuela, do Equador ou de Cuba.
Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Há mais "yorks" entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia

Da Folha.com:
18/12/2011 - 13h52

Suspeita de fraude na Caixa pode causar perda de R$ 1 bi

DE SÃO PAULO
A Caixa Econômica Federal está no centro de uma série de transações financeiras suspeitas que podem gerar perdas de R$ 1 bilhão para os cofres públicos, informa reportagem de Natuza Nery, Dimmi Amora e Rubens Valente, publicada na Folha deste domingo (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Graças a uma omissão misteriosa ocorrida na própria Caixa, uma corretora carioca chamada Tetto vendeu papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor por preços acima do mercado.
Planalto tenta conter disputa de partidos aliados na Caixa
Entre os compradores, há empresas e pelo menos um fundo de pensão estatal.
No período em que foram realizadas as transações, de setembro de 2008 a agosto de 2009, o sistema de informática da Caixa responsável por informações relativas aos papéis ficou fora do ar.
O banco público classificou a pane como "erro", atribuindo-o a uma empresa de informática terceirizada.
O que sumiu do sistema correspondia a R$ 1 bilhão que deveria ser descontado do valor dos papéis.

Arte/Folhapress
GATO POR LEBRE Como uma pane nos computadores da Caixa ajudou uma corretora do Rio a fazer negócios com papéis que não valiam nada

OUTRO LADO
A Gestora de Recebíveis Tetto, que comercializou créditos imobiliários de baixo ou nenhum valor no mercado, atribuiu os problemas dos papéis à Caixa Econômica Federal. A empresa disse que obedece "às autoridades envolvidas, inclusive a Caixa e suas informações".
E complementa: "Se houvesse erro, não seríamos capazes de emitir os créditos. E nós não acreditamos que uma instituição idônea como a Caixa tenha cometido erros ao fornecer uma informação que nos levasse a esse tipo de situação".
A Caixa informou, por meio de sua assessoria, que instaurou sindicância para apurar o que chama de erro provocado pela empresa que presta serviços de informática. Também iniciou processo interno para punir os eventuais responsáveis.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nem tudo que reluz ... dá em Francisco

Alguns tiveram verdadeira “ereção” ideológica quando do lançamento do livro do Amaury Ribeiro Jr., ‘A Privataria Tucana’.
Não usarei aqui do sujo argumento ad hominem para desqualificar o livro falando do caráter do autor (embora pessoalmente leve esse aspecto moral em conta, confesso, tanto quanto que Ricardo Amaral era assessor da campanha de Dilma e ex-funcionário da Casa Civil e escreveu ‘A Vida quer é coragem’. Porém, lerei ambos, pois não sou ideologicamente encabrestado), porque se existem fatos, e isso ainda não sei, contra eles não deveriam haver argumentos. Sejam eles quais forem.

Não obstante, para qualquer pessoa que não esteja sob a hipnose do espectro ideológico (eu não acredito em duendes... nem na Marilena Chauí), fatos têm que vir com comprovação. “Nem tudo que reluz é ouro” mas “pau que dá em Chico dá em Francisco” - ou pelo menos deveria. O livro tem que ser lido mas os fatos - mais importante -, comprovados.

Escândalos que até hoje deram em nada tais como o mensalão, Renan Calheiros, atos secretos, Erenice Guerra, Agnelo, Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando, Luppi e agora Pimentel, só para citar alguns porque a lista é grande, tiveram comprovação suficiente pra encarcerar todos os envolvidos. Pelo menos “quando eu era criança pequena lá em Barbacena” isso tudo era roubo. Caso fosse comigo ou com você, seríamos hoje, provavelmente, companheiros de cela. Todavia, para um Sarney, para um Zé Dirceu, etc., isso parece ser nada mais que uma “intercorrência”, algo como uma infecção intestinal depois de umas ostras suspeitas na praia. Esses tais continuam passeando por ai fantasiados de intelectuais ou heróis do povo brasileiro, embora não convençam nem meu cachorro york. Só esperam a poeira baixar e reconstroem a história como o Ministério da Verdade de Orwell. Como diria Groucho Marx, “include me out" of this.

Como a tática atual é só a da manutenção no poder - avalizada pelo caráter de torcidas organizadas dos ditos “militantes engajados” -, subjugar o adversário custe o que custar traz a sujeira à tona, tornando as maracutaias dos bastidores do poder “quase” públicas.
Eu cá acho isso ÓTIMO. Poderia até mesmo citar um artigo brilhante do tão odiado Mainardi (outra tolice esquerdista. Gostar não precisa... mas querer calar, matar é demais, ou você prefere o estilo de um PH, um Emir Sader, um Quartim de Moraes? Eu até leio, mas entre um e outros, nem preciso dizer qual sabe escrever e quais não sabem), onde então discorria sobre os escândalos Collor, Pitta/Maluf, lembrando que o estopim fora sempre uma briga doméstica e, só assim, nós, pobres mortais, ficávamos sabendo das coisas. Eu quero mesmo é saber o que os donos do país, das “capitanias hereditárias” do erário público andam fazendo com o meu dinheiro, esse sim, conquistado sem nenhum pistolão, jeitinho ou ajuda alheia.
Se pra isso vir a público dependemos da ira oportunista de alguns Robertos Jeffersons, Francenildos, PMs putos com a pequena fatia do butim, realmente não interessa. “Faça-se a luz...” Sé é isso é que é o “PiG”, eu quero é ver todos os porcos desse chiqueiro!

No passado, um tal Zé D. teve lá sua função: era o MAIOR achador de “caca” e criador de CPIs contra a corrupção no país, com fartura de documentação (se verdadeira ou falsa, só Deus sabe). Agora a mesma esquerdopatia que achava aquilo lindo chama isso de “moralismo udenista”. Pior, está engalfinhada até o pescoço nesse mar de lama.
Meu Deus!?!? Que lógica é essa?

Quando se trata de uma torcida, como a do meu famigerado galo, é claro o traço de irracionalidade. Aliás, você consideraria alguém que continuasse torcendo para um time depois de um humilhante 6 x 1 para o arqui-rival em seu juízo perfeito?
Pois é. Mas futebol é fanatismo mesmo, e eu sou é galo sim meu irmão!!! Nem vem que não tem!
Mas com política?!?!

Olhem aqui, vala comum para os picaretas comprovadamente pegos em maracutaias de “consultorias”, ONGs ou malversação aberta mesmo. “Pau que dá em Chico tem que dá em Francisco”.
Querem ter orgasmo com a revelação de escândalos do outro lado (por que não estou surpreso?), sem problema. É legítimo.
Mas só uma observação: quando for contra os “cumpanheros” continua sendo “moralismo udenista”??? Só vale se for contra inimigos?

Vou pedir uma coisa: COERÊNCIA!!! É pedir demais???
A m... feita por alguém não pode ser justificada pela m... feita pelo oponente. Até onde sei, existem leis, ou não? A justiça deveria ser cega (imparcial) e atemporal. Que me conste a roubalheira feita por um não serve de jurisprudência ou súmula vinculante para justificar a roubalheira feita por outro. Se for assim, definitivamente estamos “quase” chegando ao fundo do poço.
Esse relativismo moral utilizado como substrato do fanatismo ideológico é coisa de fdp mal intencionado, otário, ou inocente útil.
Querem se regozijar ao ler ‘A Privataria Tucana’, ‘A vida quer é coragem’? Nada mais natural.
Mas leiam também ‘O Que Sei de Lula’, ‘O País dos Petralhas’ e parem com essa subjetividade de julgar somente sob o crivo de sua coloração ideológica. Essa lógica é de matar. Tão irracional quanto torcer para um time de futebol, mas com muito mais riscos, a posteriori.
É com essa espécie de fanatismo que o homem sempre pavimentou o caminho para o inferno, como dizia Hannah Arendt acerca dos regimes totalitários.

Caso o tucanato tenha mesmo feito a “privataria”, cadeia neles. DESDE que sejam companheiros de cela de Zé D., Delúbio, Palocci, R. Calheiros, Sir Ney, Erenice War, Agnelo, Alfred Nascimento, W. Rossi, P. Novais, Orlando, Luppi... numa prisão de segurança máxima, devidamente segregados dos Nens, Fernandinhos Beira-Mar, Marcolas e sem direito a visitas de ex-presidentes, presidentes de estatais, Ministros de Estado, executivos de empresas privadas, etc.
Essa turma conspirando junta não daria boa coisa e nós já levamos “fumo” suficiente deixando pelo menos um terço de tudo o que produzimos e ganhamos nas mãos dessa trupe de iluminados.
Parafraseando o Prof. Raimundo do Chico: “e a saúde, ohhhh!?!? E a segurança, ohhhh!?!? E o transporte público, ohhhh!?!?”

P.S.  Entendo que haja um preço a pagar pela democracia, ainda o melhor regime que temos (vide frase de Churchill abaixo). Todavia, a independência entre poderes deveria garantir o espírito republicano como o fiel da balança no caso de desmandos de um poder, isoladamente.
Preocupante que tudo pareça ter virado o mesmo "balaio de gatos", com esse aparelhamento partidário. É contra isso que deveríamos insurgir. Nas urnas.
O dia em que o tal “PiG” inventado pelo PHA acabar então, acabou-se a contraposição de forças. Porque 'A Teoria da Propaganda de Chomsky e Herman' continuaria a valer, só que de forma hegemônica, só pra eles. Nunca mais uma notícia contrária, só panegíricos, auto-homenagens, ainda que tão falsas quanto a torpeza da política atual.
Já não temos oposição, agora ser informado apenas pelas “imparciais” carta capital, carta maior, outras cartas e a língua afinada do PH é sem dúvida o pior dos mundos.
Pelo menos pra mim, que não me submeto à catequese ideológica.

Lembrem-se caros: “pau que dá em chico, dá em Francisco.”

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.
Winston Churchill

"A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente."
George Bernard Shaw

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Revolução

A multidão o perseguia desde a praça do Gonçalo, onde alguém vislumbrara seu disfarce gritando:
-  É ele… é ele.
Após desvencilhar-se do algoz delator, descambou pelo beco das irmãs como um caminhão sem freio. Tomou a proa rumo ao rio e teimou decidido até ouvir novamente o rugido da massa enlouquecida saída do beco, que como um rebenque impeliu-o a pular a cerca das terras de Zé Balaio e embrenhar-se desnorteado pelo mato. Desejou num átimo ser um camaleão, ter o poder de camuflar-se; mimetizado em pequizeiro, poderia até deixar passar a sanha de linchadores e fugir seguro, após aquele deslizamento de gente. Apenas um devaneio de segundos, interrompido pela realidade física do flagelo impingido ora pela faca do capim ora pelo chicote das árvores do cerrado a esticarem os galhos como pequenas foices. Aroeiras, braúnas, cagaitas, buritis, lobeiras, juremas, todas impondo-lhe lanhos na pele, sulcos paralelos, transversais, pequenos regatos de sangue fazendo as vezes da pintura de guerra dos botocudos, outrora os grandes guerreiros da região. Praguejou contra todas as ramagens a açoitá-lo, até contra os ipês que outrora defendera da ignorância local corrompida pelo dinheiro das energéticas, agora nada mais que muralhas vivas surgidas do nada e postadas em seu caminho como os zagueiros das peladas na sementeira, autores descuidados do quadro de cicatrizes na canela que contavam algumas das histórias de sua infância no morro da viúva. Ingratos, mesmo com suas flores amarelas, roxas, a embargarem sua fuga sem dar-lhe o direito à voz. Tudo em vão. A natureza também parecia ter-lhe selado a sentença, ou talvez, como a maioria da alcatéia humana que o perseguia, fora corrompida pelo conluio do medo e da manipulação. Delirava até, sob as agruras da fuga. Mas antes de perder-se, absolveu a natureza, mesmo antes que tivesse novamente razão para revolta quando o mundo pareceu fechar-se naquele desfiladeiro à esquerda, onde ele, como Crasso, ainda acabaria emboscado ao sabor da sanha de pontapés, murros e pedras dos agora inimigos. 
Guiado aleatoriamente pelas possibilidades do terreno, apenas tentava distanciar-se sem pensar daquele latido intermitente dos cães humanos em seu encalço. Tomara, todavia, o pior caminho. Porém, a tarde já velha ainda deu-lhe, por instantes, a esperança de lograr a fuga, na cegueira escura da noite. Mas não era para ser. Subitamente, foi abalroado em seu tropel por mais um choque, algo ou alguém lançado contra seu corpo vindo sei lá de onde. Descarrilaram, ambos, morro abaixo num amontoado de mãos, socos e safanões rolando sobre si mesmos como uma roldana louca que terminaria desvencilhando-se à beira do barranco, a um metro da água do Fanado. Sentia-se moído, quebrado, como se não fosse mais possível equilibrar-se de pé. E não era. Notou, desoladamente, antes pelo desenho do osso quebrado proeminente sob a pele da perna que pela dor, já que inebriado pela semi-consciência, que o fim chegara. Estava acuado e vislumbrou seu predador. Era Lecopré, agora de pé a sacudir a sujeira da roupa, recompor-se, como se para ele o tombo não tivesse sido mais que uma brincadeira infantil. Viu sua silhueta aumentar de tamanho como uma visão do inferno, uma plêiade de pernas, braços, cabeças, a massa ensandecida que abrira picada precipitando-se por detrás dele transmutando-o naquele homem monstro. Os gritos e as palavras de ordem o arrancaram do transe, fizeram-lhe notar que a besta permanecia acéfala, ainda que parida de sua leitura contumaz da mitologia ou da alucinação do tombo, o amontoado de homens fundidos naquela fera não passava de células desarticuladas, ensandecidas.  
A sevícia então nem doía mais. De alguma forma, terminara desplugado do corpo e sentia-se como um observador externo, flutuando sobre de si mesmo. Via toda a barbárie de maneira impessoal, como se já estivesse a atravessar o Aqueronte, rumo ao primeiro círculo do inferno. Chegou a notar que até velhos amigos não se furtavam de desferir-lhe chutes, socos e cusparadas, en passant. Eram todos parte daquela besta viva feita de células descerebradas, não mais que um algoz impiedoso e cruel comandado pela ira, incitado pelas circunstâncias. Lembrava-se perfeitamente que alguns dos carrascos de agora, individualmente, já não carregavam traços que pudessem separá-los de macacos ou cães de guarda. Acuados pelo medo e ignorância, tornaram-se massa de manobra e peões de um jogo do qual nem conheciam todas as peças, quanto mais as regras.
Já não importava. Arrastado para fora do mato - ou o que sobrara dele - chegou à rua sentindo-se aos pedaços, e talvez estivesse mesmo despedaçado... já que não conseguia mais definir. 
Como butim e símbolo daquela revolução nefanda, foi levado ao comitê central ainda a tempo de ser mais uma vez julgado por traição num tribunal improvisado e impingido como o único responsável pelas mazelas das quais tivera, até ali, sido apenas a vítima. Não entendia mesmo aquela lógica, razão pela qual transformara-se em estorvo para os demais outrora irmãos de arma.
Morria sob os auspícios daquela revolução que ajudara a deflagrar sob a bandeira da libertação e que agora devolvia-lhe o legado da estupidez e do otimismo insano: a utopia cega sempre voltar-se-ia contra os sonhadores, como um ricochete. Tudo seria apenas questão de tempo até que alguns voltassem a ver-se como homens, enquanto outros, auto-elevados pela soberba à categoria de deuses, provocariam outras revoluções e mortes no seio de seu sonho impossível. 
Homens permaneceriam homens, imperfeitos, e só!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Apenas mentiras

Não aceito ser encabrestado por censura ideológica.
Comigo, quem decide o que e quem ler sou EU! Mais ninguém. Afinal, a inquisição medieval acabou, embora tenha queimado "hereges" e livros demais.
O patrulhamento é artifício sujo, arma comum dos novos-velhos revolucionários que querem cercear a opinião padronizando-a sob o falso auspício das falsas boas intenções, com suas falsas causas. É tudo falso. Ditadura é o único objetivo dessa gente que não convive com as diferenças, diversidade de opiniões, embora direcionem a pecha de preconceituosos exatamente contra os outros ("chame-os do que você é!"). O mais que fazem é coisa de quem prefere isolar questionamentos, desqualificá-los sem debate ou explicação, já que argumentação lógica é item faltante a esses guerreiros anacrônicos. E embora só falem da velha ditadura  - pela mais absoluta falta de novos vilões a serem personificados (lembrem-se, eles mandam em tudo há mais de 8 anos com trânsito livre e muito dinheiro. Eles podem tudo) -, omitem, descaradamente, que os tais heróis que pegaram em armas contra aquela ditadura só queriam outra, a ditadura da esquerda, deles. Isso sempre foi só trocar seis por meia-dúzia.
Nelson Rodrigues, um simpatizante confesso daquele regime morto (felizmente) há mais de 26 anos, dizia: "Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheira. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura."
Hoje entendo perfeitamente o que queria dizer com aquilo.
Vera Magalhães, a Loura 90 do MR-8, em documentário para o programa 'Memória Política' da TV Câmara revelou abertamente o que a propaganda esquerdista sempre tenta suprimir e o que Nelson sabia perfeitamente: "... não éramos exatamente contra a ditadura, éramos contra a ditadura militar burguesa, mas nós éramos a favor da ditadura do proletariado" (sic).
No balanço de sua vida, porém, ao final da entrevista, confirma a clarividência de todos os que crescem, um dia: "eu sou contra a ditadura do proletariado, sou contra qualquer ditadura, não sei nem se existe o proletariado, não sei se existe a concepção marxista do proletariado... não tem nada daquilo, acabou" (sic).
Vera morreu sem receber indenização milionária como a do Ziraldo ou a do Jaguar. Tampouco fez uso político de sua história angariando pra si a responsabilidade pela redemocratização do país, que aliás, foi conquistada por quem ficou e não pegou em armas.
(...)
Millôr disse que "imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados". A estratagema erística de culpar a mídia denuncista, golpista enquanto não esclarecem coisa NENHUMA é o modus operandi herdado do mensalão.
Zé Dirceu, ao invés de falar de "tempos de planície", deveria é ensinar-nos como fazer tanta grana com consultoria, ou escrever um manual de como transgredir a lei e nunca ser pego por ela. Isso poderia ser um novo marco da ciência jurídica, provando que a velha senhora não é mesmo cega (imparcial) e que "certas" pessoas estão mesmo acima da lei. Squid já sabia disso, até disse que Sir Ney não poderia ser tratado como uma pessoa comum. Lá se vão 6 anos do primeiro escândalo e 3 do segundo (o dos atos secretos).
Essa história de “marco regulador da comunicação social - ordenamento jurídico que amplie (???) as possibilidades de livre expressão de pensamento e assegure o amplo acesso da população a todos os meios“ é que é coisa de reacionário. Eu quero é que a imprensa devasse a vida dessa banda podre toda. Eles é que provem o contrário.
Claro, como porém é impossível refutar fatos, provas, vamos ao de sempre: "mídia denuncista, PiG... blá, blá, blá".
(...)
Li 'O que sei de Lula' do Nêumanne. Sem surpresas. Diria apenas que squid nunca me enganou.
'Tempos de Planície' seria tarefa indigesta tanto quanto ler 'O Dono do Mar', do Sir Ney. Ai também já é pedir demais, há limites para meu estômago. Entre esses dois Zés, acho que fico com o João... Guimarães Rosa.

Por falar em Guimarães, 'A vida quer é coragem', de Ricardo Amaral, com aquela foto lindinha da Dilma também não me convence. Lerei, embora "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" seja também de Rosa, no Grande Sertão.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"Hoje não passa de um dia perdido no tempo... e grito!!!"

“Engraçado” como o tempo se encarrega de colocar à sua frente realidades insopitáveis, desagradáveis porque lógicas demais, indigestas ou duras como o fel, do qual gostaríamos de manter eterna distância.

A morte de muitos com quem caminhamos é uma delas.
Como uma equação matemática – de probabilidade -, prescreve-se que os mais velhos deverão ir primeiro.
Quando é alguém que amamos, recusamo-nos a pensar sobre isso, afastando sempre que próxima de nossa mira qualquer consideração sobre a finitude de nossos entes queridos, tanto quanto a nossa mesma.

Lembro-me de como tratava tal imbróglio quando criança. Ao invés de ruminá-lo, deglutí-lo tanto quanto possível - já que inevitável e natural -, simplesmente corria na direção oposta: apagava sistematicamente de minhas elucubrações diárias tudo que relativo à possibilidade da morte de meus pais. Doía demais.

Vejo com certa preocupação que meus filhos fazem o mesmo, hoje. Sempre que confrontados com algum desvario do pai que por ventura signifique risco ou redução da expectativa de vida, reagem com pânico e certa truculência. Não obstante, trata-se de prova inequívoca de amor e cuidado, embora nem assim eu cá tenha evitado algumas burrices homéricas, desafios à vida com a coragem suicida, homicida, dos bêbados ou loucos.
Cada estupidez que cometia - feito um bucéfalo desorientado -, refletia no espelho dos olhos de meus filhos o que eu mesmo não conseguia enxergar: o mundo sem o pai.

Ao escrever essas linhas, externo aqui o pavor que imagino eles sentem nessas ocasiões, até onde posso vislumbrar sua indignação todas as vezes que me repreendem acerca de uma de minhas muitas tolices, ainda.
E eis que hoje esse medo também me persegue. É meu pai que foge de mim, contra a minha vontade, contra a vontade dele. É tudo só mais um pouco dessa matemática louca da vida, inversamente proporcional, agravada pela tristeza da doença que sufoca a chama, transmuta o outrora forte e destemido num frágil e limitado espectro, de olhar opaco sobre um futuro vago e derradeiro. É a incapacidade da prospecção de nossa própria morte, da morte de quem amamos espreitando meu sono.

Nada mudará, eu sei.
Para os crentes e místicos de todo lugar, a fé e a crença são o lenitivo para a dor e o desespero.
E quanto aos céticos?
Outro dia, como não acontecia desde 2007 quando fui acometido por uma espiritualidade desconcertante diante de uma igreja gótica em Gent, na Bélgica, fui também impelido a entrar na Igreja da Paróquia Imaculado Coração de Maria em frente à praça Ouvidor Pardinho. Mas antes de consumar o desejo, voltou-me à mente a cena da Catedral Saint-Bavon em 2007, quando ao apanhar a vela ainda inebriado de espírito, fui abordado por um auxiliar da sacristia para que pagasse primeiro, o que subitamente arrancou-me de volta do transe, deixando-me novamente só.

Ainda acendi a vela, que me custou 1,50, acho. Porém, o sentimento que havia me tocado minutos antes se desfizera, antes mesmo que a chama dançasse malemolente ao sabor das correntes de ar na nave daquela catedral medieval ou eu arriscasse uma oração.

Aqui, onde ainda consigo ser claro, sincero, imune às armaduras e máscaras que vestimos todos os dias, suplico a quem “ouvir”… e principalmente puder:  fale comigo, dê-me um sinal, ainda que eu, um ponto obscuro do cosmo crivado de erros e defeitos que nem sei se poderei sanar algum dia, vendo meu pai como alguém que ainda merece, porque acertou mais que errou, seja quem clame agora para que ele permaneça.

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Imagem: Genter Altar, Altar des Mystischen Lammes, Haupttafel, Szene: Die Anbetung des mystischen Lammes - Hubert van Eyck

sábado, 26 de novembro de 2011

NÃO SEI!!!

Somos naturalmente compelidos a emitir opiniões como condição inequívoca de algum comprometimento intelectual ou resposta definitiva à questão: "somos realmente diferentes dos chimpanzés ou dos mamutes?"

Na era das redes sociais, isso potencializou-se absurdamente. Os avatares criados nos posts do Face ou do Twitter, nos vídeos "bem intencionados" do YouTube, mais o protagonismo garantido aos anônimos (e aos nem tão anônimos assim) pelas pérolas deixadas ali, garantem certa fama de 'engajamento e argúcia intelectual' aos nobres "facebooksons/twittsons/youtubesons" do Século XXI.
Fora isso, toda a exposição nas redes de sua caminhada indelével pela vida aqui nesse nosso planetinha garantiriam sua eternidade, como uma quinta sinfonia. Afinal, fatos como 'se você foi ou não ao SWU e beijou sei lá quem' são matéria de interesse público. Podem até mudar o destino da humanidade... virtualmente.

O problema é que emitir opinião com método, coerência, compromisso com a verdade, demanda esforço e algum estudo. E é ai que a velocidade da "vida virtual" nas redes inviabiliza o intento, tornando-as, portanto, muito mais espelhos d'água dos narcisos modernos que canais de troca de conhecimento e/ou experiências.

Num post anterior, Cego... no escuro!, já havia mencionado que "não sei" é resposta maravilhosa, honesta, a mais digna, na maioria das vezes. Pobres mortais como nós, dragados ("fake", caso leia este post, é dragado mesmo, viu? Com 'd') pela "roda viva" da sobrevivência, acabam alienados acerca da maioria das questões prementes em voga por ai, e não têm a energia ou talvez o tempo necessário, a disposição para mergulhar nos temas de forma a realmente entendê-los com critério, suas origens e implicações. Daí que palpitar inconsequentemente, como manda a moda, leva inevitavelmente ao risco do ridículo, ou pior, da manipulação.
Poderíamos levianamente estender o Princípio de Pareto a esse fenômeno moderno e dizer: 80% das opiniões representam menos de 20% da verdade.
Ainda: a adesão a todas as "causas" atualmente - sejam elas quais forem, desde que bem alardeadas nas redes (e entenda-se bem alardeadas como tendo o maior número de clichês e sentimentalismo rasteiro que possa-se espremer em duas ou três frases) - é feita de modo mimético, cego.

Perscrutei em 'Aberração de circo' o conceito de "mob behavior" estudado no Século XIX pelos sociólogos e psicólogos sociais franceses Gabriel Tarde e Gustave Le Bon que explicaria em parte o porquê de às vezes tornarmo-nos marionetes, sob a égide do ethos de nosso tempo.

Porém, ainda valorizo a máxima iluminista de Kant "Sapere aude"; se bem não fizer, ao menos me poupará do constrangimento de respostas superficiais, no mais das vezes tuteladas ou teleguiadas por interlocutores que no fim só querem a resposta pronta, e orquestram apenas para que você diga exatamente o que está no script... deles, é claro. Ainda que essa pseudolegitimidade seja tão verdadeira como uma nota de trinta.

Acendam a luz, por favor...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Síndrome de Estocolmo na Rocinha.

Ler é preciso. Diferentemente "deles", não sofro de leitura seletiva, doutrinária, militante. Leio, apenas. Da esquerda para direita, diga-se de passagem. Afinal, não estamos no Japão... nem na China.
Fui eu então - sem nenhuma surpresa - dar mais uma passada pelo blog chapa branca 'Carta Maior' (porque a PiG afiada do PH está difícil de engolir. É o supra sumo do lixo). 
Mas esse blog também é ruim, ruim demais. Ler um Emir Sader (sociólogo e cientista político graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição) é tarefa de muita paciência. Os títulos e cátedras não amenizam nada. Aliás, títulos como condição imprescindível de intelectualidade tirariam de squid sua "genialidade" e autoridade. Portanto, mantenhamos squid como "gênio" e o Dr Sader como um perfeito idiota. Faz mais sentido.
Bem, mas o que importa é o que vi reproduzido no site (fonte: http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/11/meu-encontro-com-nem.html - a revista Época quando denuncia é do PiG, mas quando acharem que é favor, ai "pooode") e compartilho abaixo:
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O TRAFICANTE  DA ROCINHA  E O BRASIL DE LULA

"...a UPP não adianta se for só ocupação policial. Tem de botar ginásios de esporte, escolas, dar oportunidade. Como pode Cuba ter mais medalhas que a gente em Olimpíada? Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico. Ia para a faculdade... (Lula)  é quem mais combateu o crime, por causa do PAC. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalhar nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil" (Antonio Francisco Lopes, o 'Nem', chefe do tráfico na Rocinha, em entrevista a Ruth de Aquino, antes de ser preso  na última 4ª feira; Época) 
(Carta Maior; 2ª feira, 14/11/ 2011)
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Na entrevista (leia na íntegra pelo link acima), Nem aparece como crente, gente boa, um primor de pessoa. Ele até gosta da lula, do Beltrame. 
Bom, o Brasil é da lula (e eu nem sabia). E o melhor método de combate ao crime é o PAC.
Esse PAC tinha mesmo que se justificar de alguma forma. Afinal, estatísticas infladas, maquiadas, não conseguiriam justificar a distância entre os números das promessas, da saliva dos palanques e lançamentos dos programas de "papel e confete", dos registros em cartórios, para o que se vê efetivamente construído no país.
E "pera lá", vamos combinar, Nem da Rocinha é fonte idônea. Ora, ele até gosta da lula !?!?
Pois bem, para o combate ao tráfico: PAC.
Para estimular o crescimento: invasões dos morros e UPPs. 
E 'Nem da Rocinha' agora é argumento de autoridade, o novo Severino de Aracajú do Auto da Compadecida do morro.
Olha o que disse o "anjo do morro" na entrevista: "Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico."
Ora, ele não iria para o tráfico se não houvesse tráfico, se não houvessem "Nens", se não houvesse a receita que permite corromper o sistema (dizem que o faturamento chegava a 100 milhões por ano e metade ia para a propinagem), se não houvessem os malditos viciadinhos metidinhos a intelectuais esquerdinhas classe média que invadem reitorias e gostam de fumar um baseadinho, tudo isso ostentando uma foto do Mao pra dar alguma "causa" à mais absoluta falta dela. Não iriam para o tráfico caso valores como honestidade ainda pairassem na formação moral nacional, de alto a baixo. Caso "atalhos" e arquétipos de poder e "sucesso" sem esforço, trabalho ou estudo patrocinados nos morros e na politica não tivessem minado tudo. Quem é que não quer ganhar 20 mihões em menos de um ano com "consultorias" ? Ou ainda mais, vendendo pó ou ilusão em palanques?
Faça-me o favor!!!
Só a 'Carta Maior' usaria isso como elogio.

É tão nonsense que me dá vontada de me mudar pra Itália. Lá tem a máfia, eu sei, também sei que a economia anda uma m... mas pelo menos o Berlusconi renunciou. 
Aqui subtraem da inteligência policial e empenho do estado todo o mérito pela operação na Rocinha e "pacificação" dos morros no Rio. E olha que nem gosto do Cabral, mas daí a falar que ele "tá" errado, só se eu fosse do PT e quisesse me apropriar disso também. "Tá" ficando difícil de aguentar.
"Intelequituais" se regozijam com heterodoxias para dar explicações "descoladas". É o zaralho. Citam até Žižek (vide alguns exemplos dessas sandices quando as invasões dos morros começaram no ano passado - Guerra nos morros x Sociologia de biblioteca, Guerra nos morros x Sociologia de biblioteca #2).
(...)
E o Gaudêncio citando Bismarck e dizendo que política não é ciência exata. É claro que não! Os caras não sabem lógica, desconhecem Aristóteles, Boécio, Russell, Whitehead, nem sabem que a menor distância entre dois pontos nem sempre é uma reta porque há mais de uma geometria, não só a euclidiana, tem a geometria riemanniana também... "Isso continua ciência exata mané e sua afirmação portanto está equivocada. Vá ler sobre relatividade, geodésica..."
Desisto.
A hipocrisia é a práxis política. Na verdade seu primado. "Política é uma arte" o escambau. Ou é bonito ver um Zé Dirceu transformando sua cassação e possível condenação no Supremo (dúvido) em ato contra a elite? Que elite meu Deus? Elite é ele, squid e a "cumpanherada". Todos milionários. PC caiu por muito menos. Dirceu é o maior lobista do país, enfronhado com as elites e usando descaradamente a máxima de Lênin: "chame-os do que você é!"
Essa tal "arte" selou um conchavismo nunca visto antes na história "destepaiz".
Elite é o c... Arte é o zaralho.
(...)
Agora, a invasão dos morros e reintegração do controle das áreas ao estado é equação matemática sim. E alguma vontade política. Investimento em polícia e repressão ao crime = redução do crime. Evidente que isso não é estanque e demanda ações subjacentes de longo prazo que ataquem as causas primárias da violência. Mas só depois que a "guerra" estiver vencida, ora bolas. Septicemia é antibiótico meu filho.
O resto é conversinha intelectualóide de imbecis radicais vampiros da plutocracia.
É de perder o juízo...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Brain Salad Surgery

Embora atordoado segui o vozerio, sempre abduzido pela confusão, pelo movimento da turba, contaminado pela excitação ou transe coletivo que por vezes depreda, até mata, mas que invariavelmente destroi.
Nunca entendi bem essa minha compulsão pela destruição, todavia. Sei apenas do impulso incontrolável, do prazer caótico, animal.
As ideias regurgitadas aqui e ali, mimetizadas, sem análise, oriundas da hipnose do grupo ou do líder, embora liderança signifique momentos, líder ou vilão, linha tênue.
Queremos o protagonismo dessa geração, perdida. Onde andam os opressores? A propósito do quê viemos? Por que ou contra quem lutamos? Onde estará nossa primavera? "(O cu do mundo, esse nosso sítio)/O crime estúpido, o criminoso só/Substantivo, comum/O fruto espúrio reluz/À subsombra desumana dos linchadores."[1]
O futuro difuso, faces, twitters, as redes, sociais, as novas lutas, nas redes, sociais, virtuais, cibernéticas... Quem andará do outro lado? Avatares. Imagem, alter ego, narciso.
O atraso patente, espelhado nos velhos maos, chês... Criemos vilões. Projetemos as causas. Elejamos os símbolos.
Não sabemos matemática, português, filosofia, história. Não sabemos, porém.
Não ouço o eco do passado, não entendo sua métrica. Involução.
Lincharam meu cérebro. Linchadores.
Tornaram-me massa de manobra. Militante.
(...)
"O otimismo prejudicial é o desmedido ou, como disse o filósofo Arthur Schopenhauer, o otimismo mal-intencionado, inescrupuloso. É o tipo de pensamento que está por trás de todas as tentativas radicais de transformar o mundo, de superar as dificuldades e perturbações típicas da humanidade por meio de ajuste em larga escala, de uma solução ingênua e utópica, como o comunismo, o fascismo e o nazismo. Otimismo e utopia em excesso geralmente acabam em nada, ou, pior, dão em totalitarismo. Lenin, Hitler e Mao pertencem a essa categoria de otimistas inescrupulosos."[2]
"O pensamento utópico sobrevive porque não se trata de uma ideia de fato, mas de um substituto de uma ideia, algo que serve de alívio para a difícil – e geralmente depressiva – tarefa de ver as coisas como elas são realmente. É uma forma de vício, um curto-circuito que afasta os indivíduos da razão e do questionamento racional e efetivo. O pensamento utópico nos remete diretamente para um objetivo, passando por cima da viabilidade do projeto. É fácil digeri-lo e se embeber do seu otimismo mal-intencionado e sem fundamento. O problema vem depois, quando a utopia termina em fiasco."[2]

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Imagem #1: Capa do disco 'Brain Salad Surgery' do ELP, 1973 -  H. R. Giger.
Imagem #2: Caricatura de Arthur Schopenhauer, por Wilhelm Busch
[1] O Cu do Mundo - Caetano Veloso
[2] Roger Scruton

sábado, 5 de novembro de 2011

A Minoria Majoritária

Não há oposição no país.
As razões são muitas e já foram explicadas sob diversos prismas. Cito duas perspectivas, cujas vertentes garantem certa transparência, já que em tese cobririam o espectro ideológico esquerda-direita.
O primeiro artigo é do Rudá Ricci e o segundo, do Marco Antônio Villa.
Perdemos a oposição no Brasil
República destroçada

Vale também a leitura do artigo escrito pelo Olavo de Carvalho abaixo.
Democracia normal e patológica – II

Agora recorro a Russell, Orwell e Roger Scruton.
Para Bertrand Russell, as diferenças ideológicas internas eram claramente relevadas durante períodos de guerra, com a materialização de um inimigo comum, externo. A "moral" associada aos tempos de guerra alinhavava "antagonias", corroborava a união de todos no combate a esse inimigo externo.
Orwell cristalizou tal "moral" no livro 1984. A guerra eterna da Oceania contra a Eurásia ou Lestásia - embora a população fosse ludibriada a acreditar que o inimigo fora sempre o mesmo, no passado, presente e o seria no futuro -, dava ao partido um mecanismo para manutenção dos ânimos da população num ponto ideal. O objetivo da guerra não era vencer o inimigo ou lutar por uma causa. Ao invés disso, tratava-se de subjugar o povo à "moral da guerra" citada por Russell, enquanto ao partido, carta branca para qualquer descalabro justificado na persona do inimigo.
De Scruton cito a teoria que traria uma terceira via para explicar a "moral da guerra" de Russell aplicada aqui, nesse nosso sítio.
Caso a guerra contra um inimigo externo não seja viável, busque-se uma causa e uma vítima interna a ser resgatada como substitutas.
"Vem desde o século XIX e de Karl Marx, em particular, julgar toda forma de sucesso humano a partir do fracasso dos outros. Com base nisso, engendrar um plano de salvação para os mais fracos. Esse é um dos motivos pelos quais os movimentos de esquerda continuam a fazer sucesso. Eles sempre oferecem uma causa justificável e uma vítima a ser resgatada. No século XIX, a esquerda pretendia salvar os proletários. Nos anos 60, a juventude. Depois, vieram as mulheres e, por último, os animais. Agora, eles pretendem resgatar o planeta, a maior de todas as vítimas que encontraram para justificar seus atos. A promessa é sempre inalcançável, inatingível, porém justificada pela vitimização constante, pela mudança do foco para uma minoria qualquer que "tem que ser salva". "[1]
Nesse ciclo o poder se perpetua, embora no final troque-se apenas uma elite por outra, uma desigualdade por outra, muitas vezes adicionado o efeito colateral do cerceamento da liberdade, esse sim, socializado.

E embora a esquerda nacional habite a máquina estatal em todos os níveis, seja efetivamente a elite politico-econômica do país, ainda insiste em colocar-se como minoria politicamente perseguida. É como se isso fosse-lhes imperativo e inerente.
Como poderiam ser a minoria se seu antagonismo direto nem existe mais?
Temo o dia em que conseguirão seu intento. Nem mais uma voz dissonante, não-diversidade como regra legal, finalmente a hegemonia que almejam há tanto.
É a minoria majoritária!
Ai só recorrendo ao Miniver de Orwell em 1984. Para acreditarmos verdadeira mentira tão acintosa, melhor relembrarmos Winston e a derradeira "revelação" do final do livro:
"Por fim penetrava-lhe o crânio a bala tão esperada.
 Levantou a vista para o rosto enorme. Levara quarenta anos para aprender que espécie de sorriso se ocultava sob o bigode negro. Oh, mal-entendido cruel e desnecessário! Oh, teimoso e voluntário exílio do peito amantíssimo! Duas lágrimas cheirando a gim escorreram de cada lado do nariz. Mas agora estava tudo em paz, tudo ótimo, acabada a luta. Finalmente lograra a vitória sobre si mesmo. Amava o Grande Irmão."[2]
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[1] Roger Scruton
[2] Orwell, George. 1984. São Paulo : Companhia Editora Nacional, 2004. p. 284, 285.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tolerância Zero

A boçalidade espreita.
E boçais tem o dom de interpretar as coisas pela cauda, pela pontinha do iceberg que conseguem ver, afinal, falta-lhes senso crítico... e alguma cultura. Isso foi potencializado ainda mais pela fama instantânea que qualquer bobagem pode proporcionar hoje em dia, agravada sobremaneira pelo arquétipo da aversão à leitura ou estudo. Quem precisaria disso? Basta emplacar um viral no YouTube, estar entre os trending topics do Twitter ou ser um dos assuntos mais falados do Face e "você é o cara". Caso tenha dinheiro então, você pode tudo e muito mais. O dinheirismo subverteu tudo de vez, e a fama instântanea veio como a cereja do bolo.

Aliás, a título de curiosidade vão ai os scouts do Face em 2010.











Fonte: Exame Info
P.S. HMU é o acrônimo de "Hit Me Up", algo como "me dê um toque no celular".
QUANTA relevância.


Do Twitter:
Fonte: Exame Info 

YouTube:
1 - BED INTRUDER SONG!!! (now on iTunes)
2 - TIK TOK KESHA Parody: Glitter Puke - Key of Awe$ome #13
3 - Greyson Chance Singing Paparazzi
4 - Annoying Orange Wazzup
5 - Old Spice | The Man Your Man Could Smell Like
6 - Yosemitebear Mountain Giant Double Rainbow 1-8-10
7 - OK Go - This Too Shall Pass - Rube Goldberg Machine version
8 - THE TWILIGHT SAGA: ECLIPSE - Trailer
9 - Jimmy Surprises Bieber Fan
10 - Ken Block´s Gymkhana THREE, Part 2; Ultimate Playground; l´Autodrome
Fonte: Exame Info

Antes era só a TV que deixava a gente "burro, muito burro demais"[1]. Agora, como diria "merenda" (um amigo de um amigo de MN), "virou foi o meio dos infernos". O burro, muito burro demais pode ser famoso, pra dizer o mínimo. Chegará o tempo em que também serão médicos, engenheiros e até professores. É o neo-iluminismo ao avesso. Involução.
"Oh! Cride, fala prá mãe..."[1] que me mudei pra marte.

Eis que astutos se aproveitam disso para proselitismos políticos ensejados a análises antropológicas, sociológicas. É o samba da suruba ideológica.
Estupefato!

A bobagem da "campanha" nas redes sociais contra o ex-presidente é do tamanho da bobagem que é quase tudo que circula nelas. Suspeito que nem 2% nessas redes valha realmente a pena (meu "chute" com base nas estatísticas acima). Isso é menos que a mordida da corrupção no PIB nacional.
Mas isso transformaria Lula em alguma outra coisa?
Não. Pelo menos não pra mim. E não me venham dizer algo a respeito dessa doença os que "do terço não sabem a metade". Doença é doença, circo é circo, politicagem é politicagem. Ponto!
Lula pra mim continua o mesmo, um grandessíssimo fdp, só que agora acometido pelo maldito câncer. Me solidarizo com ele em sua batalha contra a doença, sinceramente. E só!!!
Repito: só!!!
E dai ??? Radicais amestrados que vão patrulhar a PQP!!!

O resto é só um pouco mais do mesmo: mitificação, manipulação, "boquete ideológico", o besteirol de sempre.
Chega de babaquice. Tenham paciência!!!
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[1] Televisão - Titãs

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Is there anybody in there?

Eu gosto de tênis, como já mencionei algumas vezes (http://strategosaristides.blogspot.com/2011/03/turbilhao.html). E embora a “múmia” tenha dito uma vez que “tênis é esporte da burguesia p…” para um desconhecido Leandro numa comunidade pobre do Rio "do Cabral", nunca acreditei em duendes, boitatás ou mulas-sem-cabeça. Que dirá em moluscos salvadores da pátria. Portanto, segui meu caminho e acabei por influenciar meu filho, que hoje não só ama o esporte como também quer se tornar profissional.
Evidente que entre essa escolha ou ser um politico ou “intelequitual” progressista engajado, a primeira sempre suplantaria a segunda sem a menor cerimônia. Aliás, parafraseando o guru e fazendo silogismo com uma frase do Voltaire, teríamos:
Premissa maior: se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa, haverá na Terra um canalha a menos”.[1]
Premissa menor: “O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis”.[2]
Conclusão: "vá jogar tênis meu filho!"

Bem, hoje o cara tem 12. O acompanho - como não poderia deixar de ser - desde os 5, quando aquilo era só uma atividade lúdica de um garoto com uma raquete de alumínio (sua primeira raquete). Ai o tempo passou, vieram raquetes melhores, Wilson (duas), Wilson K Factor, Head, e o cara cresceu. E apareceu!!!

Fui vê-lo jogar um torneio nesse ultimo fim de semana. Saiu na semi. Mas isso não importa. O importante foi poder antever o futuro, imaginar o que pode acontecer depois. Eu sei, todo pai é coruja, e eu não fugiria à regra. Inconscientemente. Conscientemente, faço uma análise tão isenta quanto possível, na minha situação. Vi o cara abrir a "caixa de ferramentas" e disparar cruzadas de esquerda, paralelas, cruzadas de direita, bate pronto, slices, smashes, que só não me fizeram explodir de alegria e urrar um “arrebenta!!!” em respeito ao ritual de educação e silêncio das plateias do tênis. Caso fosse um jogo de futebol, teria explodido e gritado.
O cara tem 12… e tá jogando é muito!!! Sua evolução é evidente, agora em espaços de tempo ainda mais curtos. De um jogo para outro, nota-se uma evolução clara. É sempre outro jogando, um cara melhor que o anterior. Mente e técnica agora começaram a andar juntas. Antes o espaço entre uma e outra fazia com que seu nervosismo e insegurança inibissem sua melhor performance. Agora, esse espaço está muito menor. Em breve, não haverá mais espaço. Mente e técnica no mesmo nível. E ai??? Ai que ele será um só, completo… Sim, sempre em evolução, o aprendizado é infinito. Já disseram que “o maior inimigo do bom é o ótimo”. Mas o que quero dizer com isso é que ontem notei o nascimento de alguém novo. Alguém novo surgirá a cada jogo, provavelmente.
Um campeão.

Claro, vocês não precisam acreditar num pai "babão". A perspectiva paterna é sempre exagerada, tudo bem. Mas anote ai, só por via das dúvidas. Um dia, ZECA é o nome que estará precedido em algumas notícias sobre campeonatos de tênis.
Mais brasileiro que isso, tem não. Portanto, duas mensagens ao senhor squid, o arauto da burrice como virtude cívica:
(1)    Boa sorte na luta contra essa doença infeliz que insiste em dizimar-nos, ainda. Falo isso sabendo muito bem da dor e do receio. É o que desejo, francamente.
(2)    On the other hand, vá pra PQP com sua miopia desportiva e ideológica, e deixe o tênis fora dela. Senão, sugiro à "ele" (on a timely manner) para mudar de nacionalidade e ser campeão pela Argentina...
Tenho certeza de que eles não reclamariam.
_________________________________
[1] Millôr / J.F.K.
[2] Voltaire

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Notórios farsantes

Do 'Dicionário Irrefletido' do guru trago o seguinte:
Ideologia — Bitola estreita para orientar o pensamento. Não existe pensador católico. Não existe pensador marxista. Existe pensador. Preso a nada. Pensa, a todo risco. A ideologia leva à idolatria, à feitura e adoração de mitos. E, finalmente, ao boquete ideológico.
(...)
Uns festejam o consumo, esse mesmo execrado há pouco como um dos males capitais do capitalismo, "herança maldita" da Revolução Industrial e do liberalismo econômico profetizado por Adam Smith.
Na horda estão eles, exatamente eles, que sempre bateram quando não estavam lá, elucubrando teorias improváveis, exegeses inócuas, masturbações sociológicas de cátedras do próprio ego no espelho.
Falam até em 90 anos de tradição como reduto inexpugnável da ética e bondade. Contam até com o apoio de notáveis "notórios" em "ética e bondade" como Dirceus, Lulas, não menos inexpugnáveis - só pelo dinheiro e poder, não necessariamente nessa ordem. Nada com os 100 milhões de cadáveres... que não contam, não falam, mortos...
Já desisti de entender.
"Não consigo entender sua lógica..."
(...)
A hipocrisia é a práxis política. Na verdade, seu primado. Nesse círculo desvirtuoso de sempre inovar no cinismo, algumas imagens instigam-me instintos ancestrais. Até mataria.
Mas diferentemente deles, não pela cegueira da "moral revolucionária", espécie de salvo conduto ético, falsa panaceia universal para atrocidades, vigésima segunda condição dessa "catedral do avesso do pensamento humano".
Muito menos por supressão de provas ou testemunhas, paúra, impunidade.
Esganaria sim, mas não para calar o que fere, a verdade cortante, o monstro no espelho. Muito menos pela sufocação do inimigo.

Faria por raiva. Pueril. Infantil.
Raiva do engodo, do engano. Raiva da estultícia, do poder como legião exploradora dos tontos.
Mataria de raiva. Feito criança.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Inovação e confiança

Um amigo fazendo MBA me trouxe artigos do Clemente Nobrega[1] que versavam sobre 'inovação'. Seu ponto de vista, no mínimo insólito, motivou-nos uma discussão sobre o assunto. 

Como seu trabalho na pós era fazer uma resenha crítica acerca dos textos do autor, enviou-me, um dia após nossa conversa, sua brilhante conclusão.
Mas eu, afetado a emitir opiniões, tratei também de formalizar a minha. 

Vide abaixo os links (na sequência) para os textos do Nobrega. Em seguida, minha resenha.

Inovação, na presumida acepção da palavra nos textos, seria basicamente uma quebra ou mudança do “paradigma” negocial, que incluiria concepção, desenvolvimento, gestão e resultaria necessariamente na comercialização de novos (ou melhorados) produtos e/ou implementação de novos (ou melhorados) processos num contexto temporal bem definido.
Adendo: entenda-se ‘processos’ aqui numa extensão ampla que abrangeria processos de produção e/ou logística de bens ou serviços, técnicas, equipamentos ou software, métodos organizacionais de práticas de negócio, organização do trabalho e/ou relações externas e finalmente, métodos de marketing.
O conceito de inovação seria, portanto, usado no contexto de idéias e invenções, assim como sua consequente exploração econômica relacionada, sendo a inovação a invenção (física ou de novos processos) que chegaria ao mercado.

Evidente que o conceito vai além disso, não preso tão somente às novas tecnologias ou processos orientados a um mercado consumidor num determinado momento, onde aliás, nós sim, inevitavelmente presos em maior ou menor grau - como demonstrou o autor com algumas de suas estatísticas ao longo dos textos - ao trinômio reciprocidade-justiça-confiança.
Eu diria, todavia, que o trinômio é sim a base ética/moral/legal do liberalismo/capitalismo e economia de mercado, indiferente ao nível de inovação de um país, portanto. Todavia, inovações não são exclusividade de regimes capitalistas. 

Na antiga União Soviética, por exemplo, a despeito do grau de reciprocidade-justiça-confiança que por ventura pudesse ter sido medido num regime totalitário socialista - não cabe aqui alongar tal discussão que terminaria por corromper o objeto do artigo -, inovações na astronáutica (que o diga Gagarin) levaram o homem pela primeira vez ao espaço. E a terra era azul. 
Mas a corrida espacial com os US fora deflagrada em 1957, após o lançamento do primeiro satélite artificial da URSS, o Sputnik. Ora, confiança nada teve a ver com aquilo. Na verdade, tudo começara anos antes, após a segunda guerra mundial quando cientistas de foguetes alemães do pedigree de um Von Braun - posteriormente responsável pelo foguete Saturno V que levaria a Apolo 11 ao solo lunar - quase fizeram Hitler vencer a guerra com inovações bélicas como as bombas voadoras V2, que arrasaram a Inglaterra em 1944. 
Na partilha do butim, URSS e US levaram os engenheiros que trabalharam no desenvolvimento da V2 (tendo os US levado a melhor), e esses engenheiros foram a propulsão inovadora dos programas espacias dos respectivos países, se me permitem o trocadilho. O resto foi política/economia e o alvorecer da competição entre as duas potências/ideologias que culminaria com a guerra fria.

De Hitler e sua megalomania napoleônica globalista a Stálin/Khrushchev e Eisenhower/Kennedy, confiança teve “muito pouco” a ver com a inovação iniciada com a corrida espacial. 

No campo teórico, a equação de Dirac inovou a Física ao substituir a equação de Klein-Gordon (uma equação de segunda ordem nas derivadas temporais e espaciais) proposta para descrição de partículas elementares de spin-½, como o elétron, que apresentara severos problemas na definição de densidade de probabilidade. A equação de Dirac, sendo uma equação de primeira ordem, eliminou este tipo de inconveniente. Além disso, a equação introduziu teoricamente o conceito de antipartícula, confirmado experimentalmente pela descoberta em 1932 do pósitron, e mostrou também que o spin poderia ser deduzido facilmente da equação, ao invés de postulado. 

Indo mais longe, Marx revolucionou o pensamento humano com seu conceito de práxis revolucionária, Materialismo Histórico e Materialismo Dialético, mais-valia... culminados na Revolução Russa de 1917 e em tantas outras, seguidas depois. Se boas ou ruins, de cima de seus quase 100 milhões de cadáveres espalhados pela Rússia, Ucrânia, China, Camboja e mais... todos deitados pelo caminho, o leitor que decida. Novamente, confiança parece-me ter tido nada a ver com isso.

Portanto, o Nobrega parece partir de uma tese pre-concebida, buscar as hipóteses que a alimente e finalmente parte para a derradeira demonstração. Porém, ambas, hipóteses e demonstração, at that point, já contaminadas demais pelo processo de silogismo premeditado.

Eu cá, inconsequentemente, arrisco um diagnóstico diferente, que embora mais simples e óbvio, soa mais franco: inovação é o resultado da necessidade/desejo/demanda + criatividade e/ou genialidade direta ou indiretamente fomentada por educação/cultura + competitividade e/ou estímulo/investimento, representados aqui por pesos diferentes, ponderados, portanto, diferentemente na equação dependendo do ambiente sócio-cultural, político e da infra-estrutura disponível em cada país.

E embora na Dinamarca já exista uma rede all over the country para garantir o uso do carro elétrico sem a limitação da autonomia de 200 Km (foram criadas facilities para reposição das baterias e os carros estão equipados com alarme e GPS apontando quando e o lugar mais próximo para a troca, efetuada por robôs em menos de 2 min, btw), essa “inovação” seria fiasco certo no Brasil. Com ou sem confiança mútua e as regras da lei, diga-se de passagem!!!

Portanto, o “mantra” entoado pelo Nobrega parece-me mais aplicável ao mundo dos treinamentos corporativos, e embora a disseminação ideológica da idéia não seja de todo ruim - além de ser por si só inovação de um conceito na literatura negocial -, provavelmente não garantiria aumento de nosso nível de inovação... at all.

Se não é assim, por que diabos a Basiléia, na Suiça - onde definitivamente o trinômio citado é mister - apresentou-nos apenas Federer - um acima da média – como única inovação nos últimos anos?
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[1] Clemente Nobrega, pesquisador de gestão e estratégia, autor de Empresas de Sucesso, Pessoas Infelizes?, entre outros livros, e do site clementenobrega.com.br

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Caminhos

Por um desses insights que aparecem como que por obra de fadas, duendes, ou pela mera consequência da combustão dos miolos depois de anos - "como com o milho da pipoca que divisei pela fresta da tampa quando criança, um grão amarelo transformado subitamente, após o estalido seguido do salto, naquela cabeleira louca, branca" - decidi que andaria o caminho. Não cabia mais em mim mesmo, no bairro, cidade, país, estático... A incinerante compulsão finalmente consumira as raízes e sentia-me como um balão de hélio, solto.
Não pensei em prazos nem como subsistiria durante todo o percurso, apenas juntei alguns poucos itens essenciais na mochila e sai, sem aviso. Tive o cuidado de parar no primeiro ATM para retirar o que a máquina permitisse, minha provisão inicial. O restante, bem... teria de me virar ao longo do caminho.
Caminhei da Grand-Place e passei pelo Menneke Pis uma vez mais, antes de tocar em direção à Bruxelles-Central station. De lá à Bruxelles-Midi e depois Paris.
Cheguei em Paris quase duas horas depois. Tinha fome, então da estação Gare du Nord tomei o metrô e fui aproveitar Paris por algumas horas. Linha 4 até a St-Denis e de lá a linha 9, até saltar na estação Trocadero. Atravessei a pé a Pont d'léna até a Eiffel, impoluta e emocionante não importando quantas vezes já a tivesse visto. Depois do Champ de Mars a École Militaire, de onde circundei pela esquerda até o Museu dos Inválidos quando toquei novamente em direção ao Sena pela esplanada. Tomei a direita na Voie Expresse Rive Gauche e caminhei até o Musée d'Orsay, ladeando o rio, de onde fui ao café no terceiro piso após uma rápida olhadela em Monet e numa exposição itinerante de Rodin. Desjejum com croissant, latte e de quebra um pedaço de tiramisù degustado do terraço com vista para o Sena, para o Louvre. Depois da insólita sobremesa durante o café da manhã, por que não vinho tinto? Tomei um Alicante Bouschet 2004 sei lá de qual vinícola. Gastei mais uma hora no terraço degustando o vinho, a vida, Paris do terraço, a antiga estação agora o Museu, tudo filtrado em meus pulmões naquele ar frio de Fevereiro, do terraço, depurado pelo Alicante que embora considerado pelos iniciados como casta inferior, para meu paladar e bolso remetia-me ao Alentejo, da França à Portugal pela viagem do buquê, da cor do tinto acentuado um pouco mais pelos raios tímidos da manhã vazando minha taça, do d'Orsay... no terraço.
Libertei-me então da ditadura sombria dos sentidos, da inibição, do medo, não sei bem se depois da terceira ou quarta taça.

Abri o mapa e decidi pelo caminho francês, St Jean-Pied-de-Port como ponto de partida. Viajaria para lá após minha efêmera reverência a Baco, naquele sarau individual no d'Orsay pela última vez.
"Irônico... festejei o Alentejo com um Alicante embora Baco tivesse sido o principal opositor dos heróis portugueses nos Lusíadas, de Camões."
A leve embriaguez dava-me mesmo a inconsequência libertária de misturar esquerda e direita, França com Portugal, Santiago de Compostela e a Estrada Real, Paris com Diamantina, tudo num átimo.
Decidi também que jamais escreveria um "Diário de um Mago" após a viagem. Menos por desejo e mais por incompetência. Afinal, nunca fizera ventar ou chover, não vira luzes azuladas como materialização de sentimentos, nunca tivera nem seguira mestres. Na verdade uns poucos, mas nenhum líder de seita ou confraria, igreja, partido. Ao invés disso, autores de grandes sertões, guaianãs, de crimes e castigos, de guerra e paz. Alguns grandes mentecaptos, como eu e o vinho. Tudo parte da divina comédia da qual éramos apenas atores vestindo máscaras, "como dissera Erasmo de Roterdã no Elogio da Loucura", ou consequências de reflexões de um século esquecido.
Peanuts...
Apenas livros. Ensinaram-me, todavia, uma outra forma de mágica: a palavra.
Outra decisão foi que o caminho terminaria onde tudo começara, na Definitiva, passando pela Estrada Real partindo da Serra do Cipó até Diamantina.
Veria de novo a terra vermelha, os pequis, pequizeiros, talvez não mais os marmelos nem os rios e córregos, mas eucaliptos das energéticas poluindo a visão por quilômetros, a despeito de uma boa quitanda ainda poder ser encontrada numa clareira, aqui e ali nas pequenas vendas de beira de estrada.

Do Caminho de Santiago ao Vale, a Estrada Real, meu caminho até a Definitiva, a estrada...
Aquela minha estrada.



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Curiosidade histórica

Do blog do Villa, trago curiosidade histórica digna de registro.

O historiador Marco Antônio Villa, que lança esta semana o livro A história das constituições brasileiras – 200 anos de luta contra o arbítrio (LeYa Brasil), respondendo pergunta durante entrevista do Ig Poder Online:

"Poder Online – O senhor acredita que existe uma relação entre o arcabouço jurídico e a atual crise no Judiciário?

Marco Antônio Villa – O último capítulo do livro, o oitavo, trata do Supremo Tribunal Federal. Mostro o desencontro permanente entre o Supremo e as liberdades. Desde a sua criação, ele tentou ser o guardião da Constituição, mas nunca o foi. Eu fiz questão de mostrar a questão histórica do Supremo. Mostrar, por exemplo, como a ditadura militar, em janeiro de 1969, cassou três ministros brilhantes do Supremo: Victor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva. Naquela época, o Supremo tinha 16 ministros. O regime militar tinha ampliado de 11 para 16. Quando veio a cassação, eles receberam a solidariedade de dois ministros. Um renunciou e outro se aposentou. Os outros 11 se mantiveram em silêncio e o regime militar decidiu, então, deixar os 11 mesmo. O silêncio venceu. O Supremo sempre se omitiu. Eu espero tudo do Supremo, mas Justiça é algo que eu não espero. O problema é que a República no Brasil só foi anunciada em 1889, mas até hoje não foi proclamada. As nossas constituições foram, em grande parte, uma verdadeira farsa. Os direitos individuais e as liberdades foram sempre deixados de lado."
(Fonte: http://www.marcovilla.com.br/2011/10/entrevista-para-o-ig-poder-online.html)

"O silêncio venceu".
Essa é pra pensar na cama...