Não sou religioso. Como diria o guru, "só acredito desacreditando".
Mas a festa transcende a fé religiosa, a crença, a Igreja. Não é de um. Não é de ninguém. É de um povo... do povo: pretos, brancos... de quem vier.
É a festa de João de Deus, Álvaro Freire, dos tamborzeiros, de Domingos, de tantos que a perpetuam, há tempos. É dos que a vivem, seja como rei ou rainha, seja como devotos de sua liturgia. É da irmandade... todos, de todos os lados.
Pouco me importa o purismo, a pseudo preocupação histórica com a rigidez do rito quase sempre vinda de gente mais interessada tão somente em mais lastro para mais poder ou manipulação.
É festa de todos. Festa do Rosário dos Homens Pretos de Minas Novas.
(...)
Álvaro contou-me anos atrás, na sala de sua casa, como quase morreu por complicações cardíacas. E eu ali, alienado, não sabia de nada.
Não foi tudo, porém. Tocou minha alma de ateu quando revelou sensibilizado:
"- Eu tava morto. Foi Nossa Senhora do Rosário. Nossa Senhora foi quem me estendeu a mão e me puxou de volta."
Contei a meu pai, que concordou com um aceno de cabeça.
É fato, sou ateu, iconoclasta, sem religiões. Continuo sem saber de nada.
Mas acredito em Álvaro, em meu pai. E pra mim se eles falaram, tá falado!
Viva Nossa Senhora do Rosário!
"Êh Nossa Senhora!!!"
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