quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Trending topics"

Estar entre os 'Trending Topics' do Twitter passou a ser um termômetro de importância no Brasil.
Estranho.
Invariavelmente, como numa equação matemática, o que lá estiver não tem a MENOR relevância. Certo como dois mais dois...

Imbuído em "shed some light" sobre tão "tuitante" paradoxo, pesquisei e desenterrei algumas conclusões - ainda que apressadas:
- Ser impostor no Brasil dá o maior "pedal" ("ahh vá ?!");
- Invadir funerais aumenta o Ibope, rende entrevista para a TV alemã, fotos para as agências internacionais de notícias e uma boa grana;
- A morte alheia (dos outros, é claro) é monetarizável mesmo que você não seja o dono do crematório, da funerária, e tenha absolutamente nada a ver com o defunto;
- Carpideira e impostor são a mesma m... A única diferença é que o segundo fede mais;
- "Para ter sucesso neste mundo não basta ser estúpido, é preciso também ter mingau na cabeça".
(...)
Ouvi hoje, pela primeira vez, 'I know I'm no good', live in London no YouTube. 2 minutos pra me apaixonar pela voz e interpretação da Amy.
Tarde demais, pra ela, pra mim.
2 minutos pra desejar que o 'Trending topic' de hoje fosse o inverso: "Amy invade o funeral do impostor".
O mundo não perderia nada. Sem pânico... sem Twitter.

sábado, 23 de julho de 2011

"Presidencialismo de transação" M.A.V.

É regra vigente rotular desafetos com adjetivos que trancenderam sua etimologia, transformados em pechas, após anos e anos de propaganda.
Patrulhamento ideológico + ofensas calculadas são recurso erístico amplamente utilizado nos debates políticos. Desqualificar o oponente conclamando o apoio cego, macaqueado da turba é o modus argumentandi da elite política atual.
Só não explicam nada! Ai, claro, não há o menor interesse na busca da verdade. Trata-se apenas de vencer a discussão, ainda que da maneira mais suja.
Assim squid, Tarso e o alto clero petista conduzem a crise nos Transportes justificando criminosos e desqualificando qualquer crítico ou oponente.

Mas a realidade é bem outra.
Abaixo transcrevo na íntegra um post do M.A.V.

Presidencialismo de transação
MARCO ANTONIO VILLA

A presidente Dilma anunciou que vai moralizar a alta administração pública. Boa notícia, mesmo que tardia. Afinal, herdou do antecessor essa forma de governar.
E já está com mais de um semestre como titular, ainda que eventual, da Presidência da República. Até agora, falou mais do que fez.
Tomou decisões, mas voltou atrás. Gritou, ameaçou, mas, de concreto, pouco fez no combate a uma das maiores mazelas do Brasil, a corrupção. Brigar com o PR e mostrar pulso firme com políticos de pouco brilho, mas muita esperteza, é fácil.
E se o PMDB controlasse o Ministério dos Transportes? E, ainda, se o ministro fosse um afilhado do senador José Sarney, o comportamento de Dilma seria o mesmo?
Evidente que não. Mostrar firmeza e compromisso público com a honestidade e com a eficiência é o mínimo que se espera da presidente. E que estenda aos outros ministérios as mesmas exigências (são para valer?), inclusive aqueles controlados pelo PT.
O PR virou o inimigo público número um. Numa espécie de catarse coletiva, agora é a sua vez, como já aconteceu com Renan Calheiros, José Sarney, Antonio Palocci e tantos outros. São revelados negócios pouco republicanos, nepotismo, obras inacabadas, um sem número de mazelas.
Alguns dos denunciados são nossos velhos conhecidos. Até poderiam estar em algum edifício público mais insalubre do que o do Congresso Nacional.
Os "republicanos" são peixes pequenos. Representam o baixo clero.
Não tomam parte nos debates parlamentares. Sobrevivem nas sombras. Seus momentos de glória ocorrem quando o governo, numa votação importante, necessita do seu apoio. Aí destilam o amargor, reclamam do esquecimento.
Mero teatro mambembe. Sabem que não têm condições de participar do cotidiano da vida parlamentar. Não estão lá para isso. Querem fazer caixa. E só.
Dilma prefere governar com o PR e asseclas que buscar debate aberto com todas as forças parlamentares.
Considera mais fácil e menos trabalhoso adquirir apoio político que obtê-lo no enfrentamento democrático entre governo e oposição. Tal método, consagrado por seu antecessor, empobrece a política e desmoraliza a democracia.
A estratégia de manter uma base heterodoxa e politicamente invertebrada, formada por 15 partidos, acaba gerando, a todo instante, crises de governabilidade, diversamente do que afirmam os defensores deste presidencialismo de transação. O país fica paralisado (e horrorizado, com razão) com as denúncias, e o debate político da conjuntura e do futuro do Brasil desaparece de cena.
A recorrência desse comportamento tem prejudicado o crescimento da economia e o combate aos graves problemas sociais.
Uma base tão ampla e sustentada só pela partilha da máquina do Estado acaba produzindo ineficiência administrativa, corrupção e perda (por falta de planejamento e quadros burocráticos capazes) de excelentes oportunidades, como os momentos de bonança da economia internacional, de 2003 a 2008, durante o governo Lula.
As Presidências petistas optaram por suprimir o debate político, garantindo folgada maioria parlamentar. Sem nenhuma ousadia, instalaram um modelo caracterizado por taxas anêmicas de crescimento econômico (e até negativa, como em 2009), por base de perfil neocolonial (60% das exportações são do setor primário) e por um distributivismo de viés conservador.
Dessa forma, não causa estranheza a companhia do PR e de seus métodos administrativos pouco convencionais como sócio deste projeto antinacional.


MARCO ANTONIO VILLA é historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
(Fonte: http://www.marcovilla.com.br/2011/07/dilma-e-base.html)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Trilha sonora de m...

Subitamente você nota que uma música nada mais é que a trilha sonora para uma determinada situação.
O Cinema não usaria o recurso se assim não fosse. Afinal, o som contextualiza, potencializa o drama, a comédia, o terror. Transborda a cena de dor, alegria, até muda, às vezes, o rumo de uma tomada despretensiosa.

PS Que fique claro: não entendo "lhufas" de cinema. É só uma opinião pessoal.
Sou assim mesmo, falo o que quero.

Mas devemos ter cuidado. A breguice espreita. Aliás, o piegas nada mais é que a vontade tresloucada por sofisticação. Eu mesmo não encontrei ainda a fórmula de evitar tal armadilha. Poderia sofrer subitamente de "dor de corno" e ouvir Peninha cantado por Caetano, ou me sentir um mestre e sapecar 'Os Concertos de Brandenburgo' no som. Nem doeria.
Mas às vezes piora. Me imagino pulando de 'Chocolate Kings' para Rosa Passos e confundo todo mundo. Só ainda não atingi o nível de (in)sensibilidade necessário para ouvir breganejo ou axé. Isso ainda me mata... de raiva.

A vida é assim. Só não há engenheiros de som, editores, algum produtor ou diretor musical para estabelecer o repertório dos bons e maus pedaços que passamos. Seria no mínimo inusitado.
Imagine você com uma dor de barriga inegociável, daquelas de torcê-lo feito cobra, fazê-lo correr de um lado a outro no Shopping em busca de um banheiro enquanto a orquestra manda 'A Cavalgada das Valquírias', como no Apocalypse Now?
Agora pense que no desespero, você perdeu tempo demais tomando todos os atalhos errados e o banheiro agora é tarde, "babau", longe demais e você só consegue dar aqueles passinhos minúsculos, e mesmo esses, com o esforço estampado no vermelho apertado de seu rosto suado.
Ai você sucumbe, e vislumbra sem pudor seu rastro e o espanto no rosto dos passantes com as caras e bocas que fez no último esforço para livrar-se do imbróglio intestinal, isso sem falar do cheiro, que seria sua última preocupação depois de lembrar-se que desgraçadamente usava a única calça limpa do guarda-roupas, branca, a que você nunca usa.

Se seu infortúnio inicial foi salvo por Wagner, a humilhação final poderia ser coroada por Skylab.
Mas não, algum engraçadinho fdp resolveu fazer-lhe um pot-porri com requintes de sadismo. E dá-lhe Joelma, esganiçante, Zezé Di Camargo e Luciano, Parangolé e seu "Tchubirabirom", "bom chi bom chi bom bom bom", MC Créu representando o funk na velocidade... da luz, até que vem a derradeira, a excruciante "rebolation".
Nessa hora você perde a linha.
Dá um último e derradeiro peido, alto, molhado, desrespeitoso, quase 4 segundos de pura indignação mal cheirosa, infla o peito com o resto de dignidade que ainda não ficara marrom em sua roupa e sai andando, como se a trilha sonora deixada atrás de você não fosse a maior bosta.




quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Mulher Visível

Há tempos Olavo havia capitulado sob a pressão dos caprichos da mulher cuja ascendência e autoridade pontuaram todos os conflitos entre eles no passado. Ademais, Luana nunca fora mesmo respeitosa com a individualidade do marido. Nem que não tivessem casado na Igreja e não fossem ambos de formação católica, ela ainda pareceria petulante e invasiva, levando ao fim e ao cabo o “já não são dois mas uma só carne[1] da liturgia matrimonial.
Era traço que talvez tivesse herdado do pai, de um tempo em que sua mãe era apenas a mulher, dona de casa, mãe, serviçal, sem voz ou voto diante de um marido carismático, dominador. Assistiu durante toda a infância, a mãe submissa, naturalmente anulada pela grandeza de um pai onipresente.

Nem bem entendia o porquê não ter tido o mesmo tratamento. Ao contrário, caçula entre 5 filhas, recebera a benevolência indivisível da escolha. Era a "preferida", causava furor e inveja entre as irmãs.
As rusgas duravam pouco, todavia.
Se amavam, acima de tudo.

O pai, se foi aos 48, alvejado de tocaia no alpendre do casarão por jagunço silencioso, derradeiro, um infarto fulminante. A palha ainda em brasa caída ao lado de sua mão direita. Não houve tempo para providências. Só para lágrimas.
A mãe enlouqueceria de tristeza anos depois.
Era agora só um fantasma no sanatório. Sem luz, sem vontades.

Anos mais tarde, já mulher, vingaria a mãe da castração paterna - se por idolatria ou pelo contrário, não sabia bem. Fazia isso na figura de um eleito. Um homem, seu marido, pra sempre o cordeiro de sua expiação.
Porém amava-o. E a recíproca, verdadeira. Como não seria? Absolutamente irresistível, mesmo do alto de seus hoje 39 anos. Inteligente, lindíssima, ainda mais linda que antes - talvez as poucas rugas e a tez madura tenham lhe proporcionado o ar de superioridade que naturalmente expirava, inspirando nos homens - ao contrário - a vocação para a subserviência, o rogo por seu corpo, lábios, língua, libido, sua atenção. Sensualíssima, proprietária consciente de seu magnetismo, trafegava ao mesmo tempo natural e demolidora.
Não exigia nada. Nem com atos nem com palavras. Talvez sua silhueta? Seu cheiro, talvez?
Invariavelmente atendida, uma sereia a enfeitiçar os que cruzavam seu oceano.

Olavo não era exceção.
Sim, era! O único homem a também embebedar-se de seus arroubos de amor e libido, de sua lascívia imprevisível, ali, coadjuvante de uma protagonista dominadora obcecada, perfeccionista, que o levaria infalivelmente ao extremo prazer, do amor, do sexo.
Desistira de contrariá-la, enfim.
"Freud tinha razão", sofismava estóico e feliz.

Não tinha amigas regulares. Não poderia. Mulher nenhuma se atreveria a duvidar de seu poder inebriante. Algumas já haviam sido também vítimas dele. Fisgadas.

Pior... não havia espaço para represálias ou julgamentos. Nunca dera razões para ciúmes ou desconfianças. Retidão cortante. No fim, não podia ser repreendida ou confrontada apenas por ser ela mesma, existir. Não era culpa sua.

Olavo não negava tal poder. Sabia dele perfeitamente. Ouvia dos outros, aqui e ali. Porém, não se incomodava. Não havia razão para aquilo. Não por ele, mas por Luana. Ela sim, capaz de refutar toda e qualquer indiscrição ou desvario.
O fizera inúmeras vezes, já. Todas sob a redenção do culpado, subjugado, humilhado, doente... de amor.

Homens, mulheres, todos invisíveis perto dela. Só ela... sempre ela. La Belle de Jour. Visível...

"(...) Vem me fazer feliz
         Porque eu te amo
         Você deságua em mim
         E eu oceano
         E esqueço que amar
         É quase uma dor..."[2]

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[1] Mt 19, 6
[2] Oceano - Djavan

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Raios, ovelhas e trovoadas.

Thor anda bravo com os humanóides.
Não!!! Não falo do filhinho do Eike. Falo do mitológico dono do Martelo Mjolnir (mitologia Nórdica, diga-se de passagem).

Mas por algum motivo, ele anda mais puto ainda com um tal Melvin Roberts, 58 anos, habitante de Seneca, Carolina do Sul, US. O homem foi atingindo por um raio pela sexta vez. Isso mesmo!
Transcrevo a reportagem do UOL (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/07/04/americano-e-atingido-por-raio-pela-sexta-vez.jhtm) :
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Americano é atingido por raio pela sexta vez.
Um norte-americano foi hospitalizado após ter sido atingido por um raio pela sexta vez.
                                

                                
                             






                                 Melvin Roberts, de 58 anos, estava do
                                 lado de fora de sua casa, em Seneca, na
                                 Carolina do Sul, guardando sua máquina de
                                 cortar grama durante uma tempestade
                                 quando um raio o atingiu, no mês passado,
                                 segundo o canal de TV local WYFF.
                                 Os vizinhos encontraram Roberts desmaiado
                                 no jardim e chamaram uma ambulância. O
                                 americano sofreu queimaduras em suas
                                 pernas e pés.
                                 Os machucados, no entanto, nem se
                                 comparam ao que Roberts passou em 2007,
                                 quando um raio o deixou em uma cadeira de
                                 rodas por mais de um ano. Na ocasião, ele
                                 cuidava de suas galinhas quando foi
                                 atingido.
                                 "Na época, quando eu acordei, estava
                                 coberto em sangue, todo queimado e
                                 confuso", contou.
                                 Os raios forçaram Roberts a abandonar seu
                                 emprego como operador de máquinas
                                 pesadas. Após seis raios, o americano diz
                                 que, finalmente, irá pensar duas vezes
                                 antes de sair à rua durante uma
                                 tempestade.
                                 "Não digo que estou com medo dos raios,
                                 mas preciso respeitá-los um pouco mais",
                                 falou.
                                 Roberts acha que os raios podem ser algum
                                 tipo de punição cósmica por algo errado
                                 que ele fez.
                                 "Já fui casado cinco vezes e atingido
                                 seis vezes por raios. Não vou poder
                                 largar minha atual mulher", brincou.
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Bem, como nunca me deparei e nem tenho notícia de deidades nórdicas sendo vistas pelos telescópios lançando raios dos céus, atribuo tudo ao acaso, má sorte e alguma negligência. Claro, podemos chamar de "punição cósmica" (nome pomposo) caso queiramos dar alguma notoriedade (mesmo que negativa) a um humanóide qualquer. Temos mesmo essa fraqueza. Queremos ser vistos como diferentes, escolhidos pelos deuses, líderes ou até por ET's.
Daí tantas lendas falando do "escolhido", dos cordeiros dos deuses, do "the one" ou sei lá mais do que.
Dai Marcelinho Carioca (um bad boy do futebol de sua época) levantar as mãos para o céu quando fazia o gol.
Dai também o "apóstolo" Hernandes falar de sua comunicação direta com o criador, quase exigindo 10% ou mais como obrigação para a obra de Deus - que por sinal não fala com qualquer um, só com ele.
Daí Charlie Sheen e seu "sangue de tigre": ator decadente e ainda assim um mestre em atrair um séquito ávido por algum tipo de mito com poderes sobrenaturais.
Já pra mim, Sheen "se encerra" em seu personagem do seriado 'Two and a Half Men'. Não passa dali.
Já Marcelinho e Hernandes... estão abaixo de qualquer crítica ou análise.

O ser humano carece de explicações para suas dúvidas. Isso na verdade me parece inato, e compulsório.
Porém, enredados pela busca da sobrevivência, muitos simplesmente viram autômatos singelos, obliterados "inocentes úteis" nas mãs dos mais espertos ou "beijados pela providência". Desprezam a pesquisa, o pensamento, a análise em busca de explicações plausíveis para as coisas.

Entendo que alguns necessitem de liderança. Nem todos são líderes... ou padres, ou pedreiros, ou médicos, ou whatsoever. Mas o líder deveria ser alguém cujas diretrizes e ações obedecem também ao mesmo crivo dos demais humanos. Afinal, quem seria esse ser hermético de carne e osso pra dizer-nos o que é melhor para nós?

Pesquisei alguns exemplos tristes dessa história de "o mestre mandou".
A propósito, da Wikipédia transcrevo uma bem triste:

O Templo dos Povos

Em 1954, Jones criou a sua própria igreja em uma área da cidade racialmente integrada. O culto recebeu vários nomes até adquirir a denominação definitiva de Peoples Temple Christian Church Full Gospel (Templo dos Povos), em 1959.
Através do Templo, Jim Jones adquiriu notoriedade e apoio político e da mídia em Indianópolis, contribuindo para por fim à segregação racial em departamentos públicos, restaurantes e hospitais. Em 1960, o prefeito democrata Charles Boswell o nomeou como diretor local da comissão de direitos humanos. No entanto, Boswell e Jones acabaram entrando em atrito quando o líder do Templo foi agredido em uma reunião do NAACP (National Association for the Advancement of Colored People).

Expansão da seita

Com seu trabalho estabelecido em Indianápolis, Jim Jones começou a buscar novas áreas para a expansão de sua seita.
Em 1959, Jim Jones viajou a Cuba após a derrubada do regime de Batista, mas sua tentativa de trazer afro-cubanos para Indiana resultou em fracasso. Em 1961, após prever um ataque nuclear iminente, Jim Jones transferiu-se com sua família para Belo Horizonte (rua maraba 203, bairro Santo Antônio), no Brasil, com a ideia de estabelecer um novo local para o Templo. Sem sucesso, transferiu-se em 1963 para o Rio de Janeiro, onde estudou a situação social das favelas cariocas e a mentalidade religiosa local.
Mas a necessidade de resolver conflitos internos na igreja em Indiana forçou Jones a retornar aos Estados Unidos (1965), passando no caminho de retorno pela então colônia britânica da Guiana.

A criação de Jonestown

Após denúncias motivadas pela deserção de oito jovens membros da igreja em 1973, o grupo dirigente do Templo se fechou em torno de Jones e sua liderança pessoal. A partir de então, relatos de ex-membros registram planos e simulações de suicídio coletivo.
Em 1974, o Templo arrendou uma gleba de terra na Guiana, junto à localidade de Port Kaituma, próximo à fronteira com a Venezuela. Ali Jones, com sua família, pretendia erguer o “Projeto Agrícola” do Templo dos Povos, formando a comunidade informalmente denominada de Jonestown. Os primeiros 50 residentes, transferidos da igreja em San Francisco, chegaram em 1977. No ano seguinte, já eram mais de 900 (dos quais 68% eram afro-americanos). Ao mesmo tempo em que o fisco público fechava o cerco contra a isenção de impostos usufruída pelo Templo, Jones se referia de forma hostil ao governo dos Estados Unidos como o Anticristo, em rápida marcha em direção ao fascismo, e ao capitalismo como o regime econômico do Anticristo.
Além disso, pesaram contra Jones acusações de sequestro de crianças de ex-integrantes que tinham abandonado o Templo. O próprio Jones foi acusado de manter sob sua custódia John Victor Stoen, filho biológico de Timothy Stoen, que deixara o Templo em 1977. Stoen apelou ao congressista democrata Leo Ryan, para apelar pela custódia do filho junto ao presidente guianense Forbes Burnham. Em novembro de 1978, o Congresso dos Estados Unidos autorizou uma viagem de Leo Ryan para a Guiana (com a assistência de repórteres da NBC) para investigar as acusações de sequestro movidas contra Jones, bem como informações de que os membros da comunidade em Jonestown viviam miseravelmente.
Outras denúncias incluíam: 1) ameaças físicas e morais aos membros da seita, separados de qualquer contato com suas famílias; 2) tortura psicológica, com privação de sono e de alimentos; 3) exigência de entrega de propriedades e 25% da renda de cada membro da seita; 4) interferências de Jones na escolha do casamento e na vida sexual dos casais; 5) isolamento das crianças em relação aos seus pais; 6) campanha constante junto à mídia para dar uma impressão favorável a Jones e ao Templo.

A tragédia

Ryan e sua comitiva foram recebidos calorosamente em Jonestown, em 17 de novembro de 1978, o que gerou um comentário positivo do congressista a respeito das condições de vida na comunidade isolada na floresta.
Porém, no dia seguinte, a deserção de alguns membros da comunidade (que quiseram se reunir ao retorno da comitiva) criou um clima de tensão no local. Jones concordou com a saída, denunciando os desertores como traidores, e à tarde, Ryan foi atingido por um ataque desferido com faca e teve que apressar a retirada de Jonestown. Ao chegar à pista de pouso do Port Kaituma, o avião que deveria levar Leo Ryan e sua comitiva foi alvejado pela guarda (“Brigada Vermelha”) que fazia a segurança de Jim Jones. Ryan, três repórteres e uma ex-integrante do culto de Jones foram mortos. Foi a única vez em que um congressista dos Estados Unidos foi assassinado no cumprimento do dever.

A última “noite branca”

Assim que chegou a notícia da morte de Ryan, à noite, Jones pôs em prática o suicídio em massa de toda a comunidade de Jonestown, para o qual já havia feito treinamento anteriormente (embora tenha dito que o veneno não era real) em reuniões chamadas de “noites brancas”. Os membros da comunidade foram induzidos a beber um composto líquido (na forma de suco de sabor uva), contendo potássio, cloreto de cianeto e substâncias sedativas. Os que eram pequenos demais receberam na boca ou através de seringas.
A cifra final de mortos chegou a 918, incluindo mais de 270 crianças e quatro que se suicidaram no escritório da seita em Georgetown. Mais de 400 corpos não identificados foram sepultados em Oakland (Califórnia).
Nem todos os integrantes da comunidade morreram na tragédia. No mínimo cinco membros conseguiram fugir ao cerco da guarda e fugir para a floresta durante o ritual de suicídio coletivo que durou, segundo essas testemunhas, cerca de 5 minutos.
O corpo de Jones foi encontrado junto ao pavilhão maior, com um tiro único na cabeça.

Simpatia da mídia e dos políticos

Ao contrário de outros grupos classificados como novos movimentos religiosos, o Templo dos Povos não sofreu uma crítica incisiva da mídia como algo que pudesse se tornar nocivo à sociedade.
As informações que a mídia veiculava sobre Jonestown sempre foram expostas no sentido de enaltecer o projeto como uma alternativa socialista e auto-suficiente, vetando informações sobre abusos e sequestros, bem como o vício de Jones em drogas. Até a tragédia de Jonestown, Jones contou com a simpatia da mídia liberal e de lideranças políticas de San Francisco. Jones apoiou decisivamente a eleição do prefeito George Moscone em 1975 e tinha relações próximas com Harvey Milk. Também manteve contatos com Walter Mondale, Rosalynn Carter, Willie Brown e a radical Angela Davis.

Ideias religiosas de Jones

As concepções religiosas de Jim Jones não se enquadram na visão ortodoxa da fé cristã. Jones compreendia o Evangelho como uma ação política radical, sem esperança no além, e sua liderança pessoal como um elemento acima de qualquer crítica dentro de sua igreja.
Apesar de ser chamado “Reverendo”, Jim Jones jamais foi ministro ordenado. Uma de suas prováveis influências religiosas foi o pregador M. J. Divine (1876-1965), que também dirigiu um movimento dirigido à comunidade afro-americana, no Harlem em Nova York. Pregações de Divine eram distribuídas aos membros do Templo, e as ideias dele sobre a adoção podem ter influenciado a Rainbow Family de Jones.
Jones era um adepto da cura pela fé, e via a si mesmo como um profeta, capaz de realizar milagres e com o dom da clarividência. Ao lado das reuniões de milagres para um grande número de pessoas (semelhantes as dos pentecostais desta época), Jones mantinha um constante serviço de assistência social aos mais pobres de sua comunidade. Cerca de metade dos integrantes do Templo em Indianápolis era de afro-americanos.
No decorrer de sua pregação mística, Jones afastou-se ainda mais do cristianismo tradicional e tornou aberto o seu “Socialismo apostólico” (conforme o texto de Atos dos Apóstolos 4:34-35, que Jones relacionou ao lema “de cada um conforme o seu trabalho, a cada um conforme a sua necessidade”, constante na Crítica ao Programa de Gotha, de Karl Marx). Jones afirmou ser a encarnação presente de diversos líderes religiosos ou políticos, como Jesus Cristo, Buda, Gandhi, Marx, Lenin e o próprio M. J. Divine.
No final dos anos 60, Jones já descrevia o cristianismo como uma religião fabulosa, e recusava a validade dos seus dogmas. A Bíblia era rejeitada como um manual escrito por brancos para justificar a sujeição das mulheres e a escravidão negra. O Paraíso não podia ser mais encontrado no além-túmulo e sim na existência terrena, através da luta pela igualdade.
Seus críticos (como Tim Reiterman, um dos sobreviventes de Port Kaituma) o descreveram como um ateu, que apenas dera uma roupagem religiosa ao comunismo político.
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Bem... voltando à vaca fria, cuidado ovelhas pastoreadas por qualquer pastor ou guru, seja político, religioso, filosófico, etc.
Pensar ainda é o melhor remédio. Salvadores da pátria montados em cavalos, nuvens ou  "no raio que o parta" não existem. São um engodo e podem acabar em fim trágico.

Quanto ao tal Mervin Roberts, acredito menos em "punição cósmica" ou praga de ex-mulher e mais nas "7 vidas do gato". Ai vai um recado pra ele:
- Sir Roberts, watch out! Você não tem mais nenhuma vida sobrando. Mais um raio... babau. Vê se para de sair de casa durante tempestades em Seneca pra guardar cortadores de grama ou alimentar galinhas.
Pelo amor de......... Benjamin Franklin!!!

domingo, 3 de julho de 2011

Once upon a time...

Tihany é um vilarejo na colina que cerca o maior lago da Europa Central, o Balaton. Tem o charme típico das pequenas vilas em lugares paradisíacos, e sofre talvez dos mesmos males com a especulação imobiliária. É fácil ver mansões de veraneio, casas de campo, carrões nas garagens. 

Desconheço a origem do lugar mas como Porto de Galinhas, talvez tenha sido outrora apenas uma vila de pescadores e porto para descarga de frangos... ou mariscos pré-históricos.
Parece a sina desses lugares. Os nativos, como os Caetés, Tupinambás, Tamoios, Potiguaras e Tabajaras, Goitacazes, tantos outros, expulsos ou dizimados. 
Afinal, não imagino nativos sendo os de maior renda per capita, habitando as casas mais caras de um país.

A Abadia Beneditina de Tihany - de imediato - lembrou-me o barroco das igrejas mineiras. 
Lembrou-me mesmo foi a Igreja do Rosário em Minas Novas.
Pesquisei e é isso mesmo. Embora fundada em 1055, foi reconstruída em estilo barroco em 1754.
Andei por lá em 2007. Vide as fotos e tire as próprias conclusões.

Tihany Abbey
 

 

Tudo bem, da Tihany Abbey tem-se a visão panorâmica do lago Balaton. Lindo. 
MN não tem lago. E o Fanado, bem... veja-o antes que acabe.
Mas por outro lado, não encontrei nada lá parecido com o Bar do Cardoso.

Temos mesmo que vencer nossa síndrome de Galactus e aprender a explorar sem destruir. Ai, quem precisa ir à Hungria pra ver um lago?
Preferiria descer a rua da ponte, ou ir ver um jacaré na lagoa grande... fácil, fácil.

sábado, 2 de julho de 2011

Apagão

Tive um apagão.
Mas diferentemente do de 2001, provocado pela mais absoluta falta de planejamento e investimentos em infraestrutura e geração de energia, o meu foi voluntário.
Pessoal, afetaria só a mim, e no máximo os amigos que ainda leem este blog.

Nesse interim, tive algumas ideias. Diversas, difusas, não lapidares, que poderiam ser - em última instância - seixos fundamentais para um projeto mais arrojado. Contos, crônicas, ou quem sabe, um livro!?
No entanto, tenho o temerário hábito de confiar em minha memória, considerando impossível esquecer uma ideia depois de tê-la pensado várias vezes, a despeito de não tê-la desenvolvido por inteiro.
Ai mora todo o perigo.

Tentei resgatá-las hoje, num ato desesperado de retomar a escrita regular, disciplinada, aqui.
Em vão. Se foram.
Minha confiança masoquista em uma memória já gasta só prova que é preciso mais que ideias.
É imperativo registrá-las.
A tal disciplina, que tanto me atravancou pela falta dela, continua fazendo estragos. E meu pretenso sibaritismo, que me afasta cada vez mais do populismo (cultural, oficial) me tornando um pernóstico convicto - porém indolente, também.

Melhor voltar.
Aqui pelo menos deixo um rastro, que bem ou mal pode ser trilhado de novo, vezes e vezes, sem o risco de apagar-se.
"Tô" acendendo a luz então.
Escuridão só é bom pra dormir... e sonhar.

"Tava" empoeirado isso aqui.