quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Pensando sempre errado!

Artigo publicado na Folha de S. Paulo do dia 13/08/2011 assinado por Marta Suplicio demonstra por A mais B a "profundidão" de sua inteligência.
Disse ela:
"Os incêndios e saques na Inglaterra protagonizados por jovens podem levar a uma percepção enganosa remetendo tanto à Paris de 2005 como às rebeliões na Síria e na Grécia.
Os contextos são diferentes e é fundamental entender as angústias dessa juventude e as diferentes cenas.
Na Paris de 2005, os distúrbios foram nos subúrbios pobres. Jovens queimaram carros e destruíram prédios do governo. Saques não eram a meta. Os jovens se rebelavam politicamente contra a falta de oportunidade e a exclusão dos seus guetos periféricos, onde se concentram as habitações sociais parisienses.
A diferença na manifestação londrina é que não foram somente os bairros pobres os protagonistas, mas, talvez devido à configuração das moradias mistas em Londres, jovens de classe média que aderiram à baderna. E eles não protestam por coisa alguma.
A apatia social, gerada pela falta de oportunidade e de cultura, e o desinteresse pelo mundo, propiciado pela impossibilidade de acesso ao consumo, geraram raiva e rebeldia contra um sistema que os ignora."

O que nega no primeiro parágrafo, induzindo-nos a uma falsa expectativa por uma "sacada" genial (sendo irônico? Com certeza!), frustra indecentemente nos parágrafos seguintes, na forma de mais um desses "solecismos dialéticos" sem o menor sentido ou lógica, óbvio, a ser usado no final a favor de sua patota e seu governo.

Em Paris, "os jovens se rebelaram politicamente contra a falta de oportunidade e exclusão"(sic).
Em Londres, "a apatia social, gerada pela falta de oportunidade e de cultura"??? "e o desinteresse pelo mundo, propiciado pela impossibilidade de acesso ao consumo"??? "geraram raiva e rebeldia contra um sistema que os ignora."(???)
É duro de entender. Que raios seria essa apatia social? Distopia carregada de newspeak? Conclusão: 'apatia é rebelião'. Orwell bem sabia.
Mas o melhor veio depois: apatia gerada pela falta de oportunidade e de cultura? Oportunidade??? (ela não disse que era diferente da Paris de 2005?).
Tinha gente da classe média, disse ela. Num país com IDH(2006) igual a 0,940, renda per capita de US$38000, assistência médica e seguro desemprego, museus, Leicester Square, Shakespeare, Dickens, Hume, Russell... Greene, Martin Amis, J.K.R. / Potter, só mesmo justificando a tal "apatia social" como desinteresse pelo mundo "propiciado pela impossibilidade de acesso ao consumo".
Aqui sim, Marta pensa como Marta, e decreta: os jovens terão desinteresse pelo mundo caso não tenham acesso ao consumo. Afinal, o que seria do mundo sem Armani, Versace, Dolce Gabana???

Se aquilo era apatia social, what the hell é isso aqui?
Engraçado, se essa lógica fosse aplicada ao Brasil, teríamos de ter passado por centenas de rebeliões.
Pelo jeito o que serve para Europa não serve pra nós.

Fico aqui pensando se contra a apatia não deveríamos todos fundar uma ONG ou movimento social, militar para o PT, fazer passeatas e lutar pela criminalização do peido no elevador, "mudar o mundo", quiçá virar presidente da UNE e depois, até ser senador(a).
Talvez devessemos mesmo é aprender 4 ou 5 clichês com os "intelequituais" pensantes dos blogs progressistas e arrebentar de "intelequitual" engajado nesses debates esdrúxulos do Facebook ou Orkut.

(...)

Teria sido mais simples e honesta a conclusão trivial de um evento causado pela incontinência hormonal juvenil + fuga da compulsão natural humana ao tédio + adrenalina + twitter.
Da Vinci dizia que a "simplicidade é o último grau de sofisticação".
Mas intelequituais engajados não pensam simples. Aliás, não pensam.

O único acerto de toda a patacoada foi dizer "que eles não protestavam por coisa alguma" (de novo, excitação explosiva causada pelo twitter e testosterona + uma profunda falta de valores e limites).
É pena que ela se contradiga totalmente logo na frase seguinte. Sofismável Marta.

Mas pra quem na vida o melhor que fez foi o Supla - além de plásticas e compras -, esperar o que?
Que saudade da Erundina.

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