Na era das redes sociais, isso potencializou-se absurdamente. Os avatares criados nos posts do Face ou do Twitter, nos vídeos "bem intencionados" do YouTube, mais o protagonismo garantido aos anônimos (e aos nem tão anônimos assim) pelas pérolas deixadas ali, garantem certa fama de 'engajamento e argúcia intelectual' aos nobres "facebooksons/twittsons/youtubesons" do Século XXI.
Fora isso, toda a exposição nas redes de sua caminhada indelével pela vida aqui nesse nosso planetinha garantiriam sua eternidade, como uma quinta sinfonia. Afinal, fatos como 'se você foi ou não ao SWU e beijou sei lá quem' são matéria de interesse público. Podem até mudar o destino da humanidade... virtualmente.
O problema é que emitir opinião com método, coerência, compromisso com a verdade, demanda esforço e algum estudo. E é ai que a velocidade da "vida virtual" nas redes inviabiliza o intento, tornando-as, portanto, muito mais espelhos d'água dos narcisos modernos que canais de troca de conhecimento e/ou experiências.
Num post anterior, Cego... no escuro!, já havia mencionado que "não sei" é resposta maravilhosa, honesta, a mais digna, na maioria das vezes. Pobres mortais como nós, dragados ("fake", caso leia este post, é dragado mesmo, viu? Com 'd') pela "roda viva" da sobrevivência, acabam alienados acerca da maioria das questões prementes em voga por ai, e não têm a energia ou talvez o tempo necessário, a disposição para mergulhar nos temas de forma a realmente entendê-los com critério, suas origens e implicações. Daí que palpitar inconsequentemente, como manda a moda, leva inevitavelmente ao risco do ridículo, ou pior, da manipulação.
Poderíamos levianamente estender o Princípio de Pareto a esse fenômeno moderno e dizer: 80% das opiniões representam menos de 20% da verdade.
Ainda: a adesão a todas as "causas" atualmente - sejam elas quais forem, desde que bem alardeadas nas redes (e entenda-se bem alardeadas como tendo o maior número de clichês e sentimentalismo rasteiro que possa-se espremer em duas ou três frases) - é feita de modo mimético, cego.
Perscrutei em 'Aberração de circo' o conceito de "mob behavior" estudado no Século XIX pelos sociólogos e psicólogos sociais franceses Gabriel Tarde e Gustave Le Bon que explicaria em parte o porquê de às vezes tornarmo-nos marionetes, sob a égide do ethos de nosso tempo.
Porém, ainda valorizo a máxima iluminista de Kant "Sapere aude"; se bem não fizer, ao menos me poupará do constrangimento de respostas superficiais, no mais das vezes tuteladas ou teleguiadas por interlocutores que no fim só querem a resposta pronta, e orquestram apenas para que você diga exatamente o que está no script... deles, é claro. Ainda que essa pseudolegitimidade seja tão verdadeira como uma nota de trinta.
Acendam a luz, por favor...
This is what I'm talking about!
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