domingo, 16 de dezembro de 2012

Privatização não... Privada!

A "grande mídia" não inventa notícias, só noticia, fatos, muitos deles, felizmente, já provados e comprovados até pelo STF. Por isso incomoda tanto.

Vide ai dois recentíssimos exemplos da competência estatal na gestão de ícones nacionais que nunca devolvem o que nos tomam.




A rede suja na Internet com seus sabujos a soldo evidentemente já iniciaram a defesa exatamente pela estratégia que depuraram melhor ao longo desses anos: o ataque, a mentira. Tentam dar alguma credibilidade através de pseudo-análises de seus intelequituais. Só um pouco mais da estratégia fabiana deslocando o assunto de seu cerne, negando a lógica, comparando alhos com bugalhos e fazendo silogismos cujas conclusões são definidas antes da inferência. Engenharia social com o fim sujo de manipular a opinião. Picaretagem intelectual deslavada. 

Atenha-se aos fatos, pesquise, diga que são falsas as notícias (se for capaz).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sobre homens bonitos, loiras, baixinhos e varapaus

Com a devida vênia, compartilho aqui a tese do primo Carlos Mota, nada menos que Coordenador de Recursos Humanos no INSS e Procurador Federal, além de Juiz Maior da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Minas Novas e, ipso facto, um baita escritor.


Sobre homens bonitos, loiras, baixinhos e varapaus

Tese de Carlos Mota Coelho

Na maioria das vezes, o senso comum falha em suas constatações acerca de determinado fenômeno, gerando mitos, crendices, seitas, facções, religiões enfim. Noutras, a ciência acaba por confirmar aquilo que por milhares de anos – e em populações, as mais diversas – é tido como verdade absoluta e inconteste.

Um desses mitos, por exemplo, é o de que toda loira é burra. Não obstante o número de exemplares, falsos ou verdadeiros, o universo blond apresenta estatisticamente o mesmo número de beócias verificado entre as morenas. O que, em verdade, pode ser inferido é o natural espalhafato do amarelo, quando comparado aos tons da cor preta. Ademais, não é nada científico atribuir-se, por exemplo, burrice genética a um cabelo cuja cor se alterou temporariamente, graças a uma aplicação de corantes artificiais ou descolorizantes do tipo parafina.

É de ressaltar, ainda, a falta de rigor epistemológico na negativa desse atributo aos machos portadores de pêlos loiros. Exceção a esse axioma é, com certeza, a subespécie dos surfistas, pois não há burrice maior do que insistir em passar a vida tentando se equilibrar sobre ondas, o que desmoraliza por completo o cérebro humano. Ipso facto, pode-se afirmar, sem receio de qualquer tipo de censura, que todo surfista, louro ou de qualquer outro matiz, é burro, exceto os do Lago Paranoá, como é o caso de meu genro, exímio compositor e cantor!

Mas, saindo dos exemplos, e partindo para o escopo da tese aqui desenvolvida, o mundo científico terá finalmente a oportunidade de submeter a teste a relação entre o Sistema Digestivo Humano e a Aparência Humana – num espectro que vai da feiura, por exemplo, deste cientista que vos fala, à beleza de um Tom Cruise.

Se não me engano, Diógenes foi o primeiro a vislumbrar uma relação necessária entre os belíssimos varões gregos e a incontinência flatular, tanto que, belo como era, não era capaz de controlar seu esfíncter nem diante do mestre Platão. Aliás, Alexandre, o Grande, obteve memoráveis vitórias bélicas graças ao efeito destruidor que os peidos de seus joviais soldados provocavam nas hostes inimigas. Felipe, o Belo, acabou por legar a França a excelência na produção de perfumes, sem os quais a sua corte não teria sobrevivido em meio à fedentina que a cercava.

Certo é que, desde os tempos imemoriais, certificar se o macho humano é indubitavelmente belo passa necessariamente pela análise da intensidade odorífera e sonora produzida pelo seu sistema digestivo. Hipocrates dissecou centenas de cadáveres, mas não conseguiu desvendar a razão de os homens bonitos peidarem com mais frequência do que os nada agraciados pela natureza. Recentemente, restou provado que oitenta por cento da serotonina é produzida pelo intestino. E como é a serotonina que nos assegura o bom humor, vinda que é da catinga do intestino, pode-se afirmar que bom cheiro e mal humor nunca andam juntos.

Não se pode, todavia, dizer que vãs foram as tentativas perpetradas pelo Pai da Medicina, se levarmos em consideração que sem elas talvez o mundo estivesse até hoje buscando uma explicação para o mau-hálito inerente a todo e qualquer baixinho. Foi medindo a extensão tubular entre as cavidades anal e bucal que Hipócrates concluiu que o mau-hálito entre os tampinhas decorre da proximidade entre elas.

De igual modo, tais experimentos tiveram o condão de legar à humanidade a mais irretorquível conclusão sobre a altíssima mortalidade entre as pessoas de estatura elevada. Basta uma visita a um asilo, por exemplo, para concluir que a expectativa de vida é inversamente proporcional ao tamanho do sujeito. Exemplos de sobra o Brasil pôde legar à humanidade através de gigantes tampinhas como Oscar Niemayer, Dona Canô, Derci Gonçalves e, no próprio futebol, o baixinho Romário.

Hipocrates, também Pai da Hipocrisia, atribuiu a elevada mortalidade dos varapaus à questão da circulação sanguínea e, para tanto, tomou por paradigma automóveis construídos pela Ford nos anos 1970/80. Três modelos eram movidos por um mesmo motor de 1800cc. Ocorre que o primeiro, o Corcel, era pequeno e leve, o segundo, a Belina, médio, e o terceiro, o Versalhes, grande e pesadão. Ao observá-los, Hipocrates percebia que o último sempre morria. Passados cerca de trinta anos, ainda observamos Corcéis ainda circulando pelas ruas e estradas, enquanto Belinas e Versalhes jazem nas sucatas.

O mesmo ocorre entre os humanos. Independentemente de sua estatura, todos são motorizados pelo mesmo tipo de coração. É óbvio que o coração do gigante se esforça mais, perdendo precocemente o prazo de validade, enquanto o do tampinha, por exemplo, dura para sempre, tanto que são comuns enquetes do tipo “você já foi num enterro de anão?”. Por outro lado, isso explica o mau humor típico dos baixinhos, em contraste ao caráter folgazão dos homenzarrões. Aliás, há uma vertente de linguistas que considera a expressão “baixinho invocado” um pleonasmo, apesar de sua entidade de classe intitular-se FBI – Federação dos Baixinhos Invocados.

Mas voltemos ao fulcro do tema aqui desenvolvido. Hipocrates, conforme dito, não logrou êxito em sua tentativa de correlacionar beleza X peido. No campo das teorias compensatórias, majoritária é a corrente que afirma existir um componente importante em tal fenômeno, que é a perpetuação da espécie. Por ela, se os homens belos não fossem dotados do dispositivo peidante jamais sobrariam fêmeas para os feiosos. Ortega e Gasset insinuam, em sua monumental obra conjuntamente escrita a dois, que os homens belos são naturalmente alérgicos ao trabalho. Afinal, a engenharia cósmica os concebeu muito mais para a reprodução, do que para a produção de alimentos, por exemplo. Daí, sem o artifício flatulante genético, a humanidade se sucumbiria pela fome. De igual modo, o conhecimento estaria estagnado na Idade da Pedra, privado de espécimes como Newton, Voltaire, Einstein e tantos outros feiosos que enfeitam a galeria dos gênios da humanidade.

Como cientista, movido pela vontade férrea de legar à humanidade os meus geniais conhecimentos, não posso fugir de uma ilação que esta tese pede. O número de fios de cabelo espetados nas cabeças humanas, que no caso da minha são cada vez mais raros! Experimente andar pelas estradas do mundo e tente encontrar um andarilho ou mendigo careca. Com certeza você não achará um, pois todos os andarilhos possuem jubas imensas, o que também acontece com os beatos e os santos, exceto, se não me engano, São Ivo, patrono dos Advogados, o que explica a exceção. Mas vá a uma reunião de banqueiros ou de homens endinheirados. Nela você verá uma profusão de luzidias carecas, razão porque é dos carecas que elas gostam mais! Isso também explica uma tendência inata, muito verificada entre jogadores de futebol: assim que ficam ricos, eles simplesmente raspam suas cabeças!

Todas essas conclusões, no entanto, ainda carecem de comprovação cientifica. Por outro lado, é essencial descobrir o lócus cerebral em que se situa o campo que responde por essa função orgânica, exclusiva dos belos. Pelo adiantado em que se acha o esforço planetário para desvendar o DNA, é possível que brevemente saibamos qual a sequencia que dita tal herança genética. Vislumbra-se até a possibilidade de intervenções cirúrgicas capazes de reverter situações limites, como as que acometem homens belíssimos de uma constante insatisfação, melancolia, tristeza, falta de autoestima, causadoras de traumas psicológicos, não raro geradores de suicídios e uso abusivo de entorpecentes, ditadas pela SAT – Síndrome Amorphophallus Titanum, nome tomado de um tipo de flor que, embora belíssima, tem um odor tão fétido, a ponto de ser chamada popularmente de flor-cadáver. Aliás, dezenas de cientistas se revezam, de tempos em tempos, no Quail Botanical Garden (ela só floresce de sete em sete anos), justamente com o propósito de identificar se o mecanismo genético que a faz linda e, ao mesmo tempo, malcheirosa é o mesmo que faz homens lindos e peidorreiros.

Tal preocupação em arrefecer ou mitigar a síndrome aumenta na medida em que práticas ligadas à eugenia, melhor alimentação, ociosidade, cirurgias plásticas e a própria cosmética vêm concorrendo proativamente para o acentuado aumento do número de homens bonitos, mas, via de consequência, de internações em hospícios, divãs e cemitérios.

Outra razão maior para um melhor enfrentamento do problema criado pela SAT é o número de belos machos que abrem mão voluntariamente dessa condição, ingressando no gênero feminino (o transexualismo). Deontologicamente, não deve a ciência obstaculizar a vontade de migrar para outro gênero. Porém, no caso dos portadores de SAT, a questão não é de cunho volitivo, pois no íntimo eles querem permanecer machos. Porém, a beleza de que são portadores acaba por facilitar tal migração de gênero (É sabido que quanto mais bonito é o sujeito, menos complicadas e, por conseguinte, menos onerosas são as cirurgias transexuais). A esse facilitador alia-se a dificuldade de manter parceiras, em razão da repulsa provocada pela incontinência flatular. Como os homens comuns – feios, sobretudo – não possuem olfato delicado e nem se podem dar ao luxo de dispensar companhia, os ex-homens bonitos, uma vez transmutados em fêmeas, passam a não enfrentar mais o drama da solidão, ainda que continuem flatulentos.

Uma corrente científica rechaça o caráter inibidor da atração de fêmeas, decorrente da SAT. Sustentam que, para a maioria taxionômica das fêmeas, a beleza do macho do tipo SAT suplanta a ojeriza resultante do mau-cheiro. Mais recentemente suas lucubrações vêm caindo por terra e os argumentos de que valem seus detratores, inclusive Carlos Mota, vêm sendo extraídos da observação das Paradas Gay, ocorridas em grandes cidades do Planeta. De fato, as megalópoles, palco de tais paradas são as mais poluídas e malcheirosas. Segundo eles, isso estimula a vontade de mudar de sexo. Só em São Paulo, tomando como parâmetro a última parada, metade de sua população trocou de sexo. Estatisticamente, para sossego dos que temiam consequências graves, o número de homens e o número de mulheres não se alteraram em absoluto, pois os 50% que eram homens se transformaram em mulher e os 50% que eram mulheres viraram homem.

O problema, conforme se vê, é mais sério do que se pensa. Mas a ciência e a tecnologia não se descuraram dele, tanto que na divisa da França com a Suíça foi construída uma passarela de 27 quilômetros de extensão – uma espécie de sambódromo circular – cem metros abaixo da superfície. Neste imenso túnel, denominado Grande Colisor de Hádrons (Large Hadron Collider), serão realizados importantes experimentos visando conhecer a idade do Universo.
Enganam-se, porém, os que pensam que o LHC foi feito apenas para isso. Iniciado no conservadorismo de Margareth Thatcher e Ronald Reagan, o projeto de tal passarela subterrânea – justo com o sentido de garantir a privacidade das pessoas que nela vão desfilar, conforme demonstrarei adiante – jamais receberia verbas governamentais. Temendo isso, seus idealizadores escamotearam a sua finalidade verdadeira.

Ora, para o tipo de experimento que eles alegam ter sido construído – chocar prótons contra os outros e fazer medições – jamais seria necessário um túnel, muito menos um túnel tão oneroso. Um túnel circular, nem pensar, pois a melhor trajetória de um projétil ou de um feixe de raios é a linha reta! Bastaria, neste caso, construir tal acelerador num deserto, ou no fundo do mar, com tubos bem reforçados e dispostos em linha reta.

Uma estrutura circular e feita dentro do chão só se justifica para outras espécies de experimentos científicos, nas quais, onze em cada dez cientistas, incluem a síndrome aqui tratada.

Que se preparem os céticos. Fracassada a tentativa de datar o Universo, com certeza uma Grande Parada de Gays, Lésbicas, Transexuais, Travestis e Simpatizantes será realizada no Grande Túnel, encobrindo os seus participantes, principalmente os que não querem sair do armário, e descortinando para os cientistas respostas corretas às apreensões que tanto os perseguem, entre elas a que leva os homens bonitos à incontinência flatular.

No mais, haja falta do que fazer!
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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

2012

2012 está perto do fim. Que vá logo e que o mundo fique, a despeito do que disseram os outros (não os maias) acerca da pedra de Tortuguero
Ademais, mesmo depois da pedra de Comalcalco "confirmar" a data de 21 de dezembro de 2012 como o último suspiro do planeta, o historiador alemão Gronemeyer da La Trobe University na Austrália desmentiu tudo
Para dirimir de vez a dúvida (ufa!), um grupo de cientistas norte-americanos encontrou na Guatemala o calendário maia mais antigo de que se tem noticia, cujas inscrições descrevem a existência de 17 ciclos  no sistema maia - não 13, como se acreditava até agora -, o que nos daria, no mínimo, algo em torno de 1577 anos de lambuja (21 de dezembro de 2012 seria apenas o último dia do 13º b'a'ktun . Não é o final da contagem longa, pois ainda se seguiriam os b'a'ktuns 14º a 20º). 
Não sei se rio ou se choro. Mas que 2012 vá logo.

Foi um ano de perdas importantes. Perdi a graça com a ida do Ivan Lessa, do Millôr, do Chico Anysio. "Queimei meus navios" depois da partida do ZéMota, do Hamilton. À deriva. 
Foi-se a ironia na TV com a morte do Beting hoje. 

O país maravilha vê anestesiado toda semana essa m... de governo de coalizão fomentada pelo aparelhamento do estado e distribuição de cargos e favores sob os auspícios de um projeto de poder eterno, a banalização dos valores, a estratégia fabiana de deslocar a discussão dos temas reais para banalidades endossadas pela picaretagem intelectual deslavada desses intelequituais progressistas, do recrudescimento da escatologia esquerdista e da confusão generalizada entre público e privado, da mentira como homenagem que o vício presta à virtude[1]. 

Nas artes e cultura só um pouco mais do mesmo.

De certa forma, o mundo acabou mesmo.

Pelo sim pelo não, dia 21 saio de férias. Caso o mundo de fato acabe, estarei à toa, do lado de quem me interessa.
Se é pra acabar, que acabe em barranco então... ai vou encostado. 

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Figura: Ciclos da Lua e, possivelmente, de planetas, feitos pelos maias em Xultún (Foto: William Saturno/David Stuart/National Geographic/Divulgação)
[1] Parafraseando François duc de la Rochefoucauld 


sábado, 24 de novembro de 2012

Hamilton


Tusta costuma chamar de anjos criaturas cuja serenidade, bondade e talento deflagram um magnetismo cuja atração gravitacional é impossível trespassar incólume. É como se fosse mesmo compulsório gostar delas. São geodésicas espirituais que nos impelem ao abraço, ao culto sincero.
Nesse sentido Paulinho da Viola é um anjo, afinal, de que forma explicaríamos aquele ar sempre condescendente ou músicas como 'Sinal Fechado' ?

(...)

Alberto "leguelé" chama o irmão de anjo.
Por uma dessas razões que a razão desconhece, estava ele sempre lá, a aglutinar, a cuidar da família, flanando vindo sei lá de onde provendo o necessário inconscientemente, sem ter sido formalmente requisitado.

O Espiritismo apresenta a visão de que tais seres angélicos, independente de suas hierarquias celestiais, estão nesse ponto evolutivo por mérito próprio, são espíritos santificados e livres da interferência da matéria pelas próprias escolhas que fizeram no sentido evolutivo e de renúncia de si mesmos ao longo do tempo, sendo facultado também aos homens atuais - ainda muito materializados - atingirem, através de seus esforços morais e intelectuais nas múltiplas reencarnações, tais pontos de perfeição. (O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 1865). Fonte: Wikipédia.

Eu cá, estúpido e cego de crenças que sou, não sei de nada, apenas sinto ultimamente o peso de uma rocha no peito. 
Que a ciência tenha dito isso ou aquilo acerca da fé vá lá, mas ai me pergunto: que sabem eles dos meus "ais"? 

Com efeito, ainda vejo alguns que cruzaram meu caminho aparecidos sei lá de onde, trazendo exatamente o conforto que precisava num momento de desespero, SIM como anjos.
Porque surgiram do nada?, sem perguntas?, trazendo respostas sem mesmo terem recebido chamado algum? Sei lá...
Foi assim com o Kamara's na Newton... 
Foi assim no atropelamento da 381 em frente ao Carrefour em Betim. 
Meu desespero ao colocar a vítima no carro, o receio de que se fosse ali mesmo impingindo-me uma culpa eterna antes da chegada ao hospital. 
Mas já no Pronto Socorro, ainda atônito e perdido, volto-me e atrás de mim ele, sei lá de onde saído, a dar-me o suporte sem perguntas fora de hora. 
Coincidência? Não acredito mais em coincidências!

Assim seu choro, sem palavras, no velório do meu velho. 
Ali fomos irmãos pela última vez.

(...)

"Leguelé" tem razão, era mesmo um anjo, um anjo da guarda.
Todos precisam aumentar o cuidado, o cuidado com os outros agora. 

Fica a lembrança... ficarão as palavras, que tenho certeza,  ainda virão, nem que através de sopros em nossas consciências mostrando-nos o que fazer.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Cortesia do O.C. #3



Isso ainda vai acabar mal.



Por que? E há alguma relação entre essas duas séries de fatos?
Todo o esquema socialista baseia-se na idéia de Karl Marx de que o proletariado industrial é a classe revolucionária por excelência, separada da burguesia por uma contradição inconciliável entre seus interesses respectivos.
Quando um partido revolucionário toma o poder numa nação atrasada, predominantemente agrária, como a Rússia de 1917 e a China de 1949, não encontra ali uma classe proletária suficientemente numerosa para poder servir de base à transformação da sociedade. O remédio é apelar à industrialização forçada, para criar um proletariado da noite para o dia e “desenvolver as forças produtivas” até o ponto de ruptura em que a burguesia se torne desnecessária e possa ser substituída por administradores proletários. Para isso é preciso instaurar uma ditadura totalitária que possa controlar e remanejar a força de trabalho a seu belprazer (Trotski chamava isso de “militarização do trabalho”). Daí a semelhança de métodos entre os regimes revolucionários socialistas e fascistas: ambos têm como prioridade a industrialização forçada, com a única diferença de que os fascistas a desejam por motivos nacionalistas e os socialistas pelo anseio da revolução mundial.
Já quando a esquerda revolucionária sobe ao poder por via eleitoral numa nação mais ou menos democrática e desenvolvida, ela encontra um proletariado numeroso e às vezes até organizado. Mas é um proletariado que já não serve como classe revolucionária, porque a evolução do capitalismo, em vez de empobrecê-lo e marginalizá-lo como previa Marx, elevou seu padrão de vida formidavelmente e o integrou na sociedade como uma nova classe média, indiferente ou hostil à proposta de revoluções. Para não ficar socialmente isolados e politicamente ineficazes, os revolucionários têm de encontrar algum outro grupo social cujo conflito de interesses com o resto da sociedade possa ser explorado. Mas não existe nenhum que tenha com a burguesia um antagonismo econômico tão direto e claro, um potencial revolucionário tão patente quanto aquele que Karl Marx imaginou enxergar no proletariado. Não havendo nenhuma “classe revolucionária” pura e pronta, o remédio é tentar formar uma juntando grupos heterogêneos, movidos por insatisfações diversas.
Daí por diante, quaisquer motivos de queixa, por mais subjetivos, doidos ou conflitantes entre si, passarão a ser aproveitados como fermentos do espírito revolucionário. O preço é a dissolução completa da unidade teórica do movimento, obrigado a acolher em seu seio os interesses mais variados e mutuamente incompatíveis. Narcotraficantes sedentos de riqueza e poder, ladrões, assassinos e estelionatários revoltados contra o sistema penal, milionários ávidos de um prestígio político (ou até intelectual) à altura da sua conta bancária, professores medíocres ansiosos para tornar-se guias morais da multidão, donas de casa pequeno-burguesas insatisfeitas com a rotina doméstica, estudantes e pequenos intelectuais indignados com a sociedade que não recompensa os seus méritos imaginários, imigrantes recém-chegados que exigem seu quinhão de uma riqueza que não ajudaram a construir, pessoas inconformadas com o sexo em que nasceram – todos agora marcham lado a lado com lavradores expulsos de suas terras, pais de família desempregados e minorias raciais discriminadas, misturando numa pasta confusa e explosiva os danos reais e supostos, objetivos e subjetivos, que todos acreditam ter sofrido, e lançando as culpas num alvo tão onipresente quanto impalpável: o “sistema” ou “a sociedade injusta”.
Sendo obviamente impossível unificar todos esses interesses numa construção ideológica coerente e elegante como o marxismo clássico, a solução é apelar a algo como a “teoria crítica” da Escola de Frankfurt, que atribui ao intelectual revolucionário a missão única de tudo criticar, denunciar, corroer e destruir, concentrando-se no “trabalho do negativo”, como o chamava Hegel, sem nunca se preocupar com o que vai ser posto no lugar dos males presentes. O sr. Lula nunca estudou a teoria crítica, mas fez eco ao falatório dos intelectuais ao seu redor quando, após vários anos na presidência e duas décadas como líder absoluto do Foro de São Paulo, confessou: “Ainda não sabemos qual o tipo de socialismo que queremos.” Não sabemos nem precisamos saber: só o que interessa é seguir em frente – forward, como no lema de campanha de Barack Hussein Obama --, acusando, inculpando e gerando cada vez mais confusão que em seguida será debitada, invariavelmente, na conta da “sociedade injusta”.
Se na esfera intelectual essa atitude chegou a produzir até a negação radical da lógica e da objetividade da linguagem e a condenar como autoritária a simples exigência de veracidade, como não poderia suscitar, no campo da moral social, o florescimento sem precedentes da amoralidade cínica e da criminalidade galopante?












Uma nota só

Um luto ainda me persegue. Não é culpa minha, a onipresença do meu velho sempre foi minha companheira, estivesse ele de corpo presente ou não.
Falo então com ele todos os dias, toda hora, como se ainda ouvisse seus conselhos e brincadeiras, esse eco que por deus, espero permaneça em meu crânio pra sempre.

Não sei quantos podem dizer o mesmo acerca do pai.
Mais engraçado é que depois de tantos erros e traumas, mútuos, viramos esse amálgama como se fôssemos um só. Hoje sei que somos, porque se a ele não foi dada a escolha, a minha fiz com convicção e vontade: mantê-lo comigo, eternamente vivo, em minhas lembranças, onde o maldito câncer não tem efeito nem alcance, não passa de uma imperfeição ou pesadelo num mundo onde o demiurgo sou eu... e é lá que viverá pra sempre, sem os riscos ou males do mundo, ladeado por outros, muitos... todos eles salvos do fim.

domingo, 11 de novembro de 2012

The Invoice

Umas das 'obrigações compulsórias' do casamento, caso você não seja abastado o suficiente para ter um quarto de casal com 100 metros quadrados e tudo em dobro (menos a mulé, claro... ela não aceitaria nem a pau), banheiro, closet, até a TV de plasma, bem, é ter de compartilhar o que estiver rolando. O drama é recíproco, evidente, ela não tem que tolerar seu masoquismo assistindo à TV Câmara e nem você que suportar o caldeirão...
Bom, de qualquer forma, hoje, domingo à tarde, adormeci antes do caos... Mas eis que acordo com um zumbido irritante, alguém interpretando algo da moda como o clichê do clichê do clichê. Adicione a isso potentados em pasteurização - como a Leitte (com dois tês)... É o zaralho, o mundo acabando nos comentários sempre relevantes de quem de música entende tudo... errado.
Bem, em meio ao óbvio, deixei o quarto após a votação do público, surpreso. O público acertara (pelo menos uma vez). A moça eleita manda muito bem e já a vira antes, exatamente na TV Câmara (pelo menos pra isso serve, tirar-me da TV aberta nos finais de semana pra encontrar Guinga, Lula Galvão, Juarez Moreira, Toninho e até a Oléria).
Se esse The Voice é uma droga, que pelo menos a Oléria não pague a invoice (trocadilho infame... Dedico ao Daniel, outra originalidade acima de qualquer suspeita).
Ela manda muito bem, aliás, nem sei que diabos tá fazendo lá...


Tríscele ou : Daltonismo e Parosmia

Levantou os olhos, viu-se refletido no espelho mas teve a sensação de não enxergar-se, opaco, silhueta difusa, face, cabelos, os olhos que não pareciam mais os dele.
Subjugado pela dor não enxergava mais como antes.
Algo literalmente mudara, secara, perdera a cor. Fizera digressões sobre a morte inúmeras vezes, mas não tratava-se agora de mais uma de suas elucubrações, mas da vicissitude mesma, companheira intrometida a segui-lo desde então até o fim de sua vida. A teoria sempre lhe caíra melhor, professor e pesquisador que era. A realidade das provas por certo nunca deixara-o à vontade, e agora tombava-o doente.
Com a perda, um daltonismo psicossomático, o olfato cego fizeram dele um homem de três sentidos, embora não atribuísse a si mesmo sentido algum naquele momento. Era agora também um homem de três dimensões, sem o espaço-tempo, malgrado sentisse como maldição a gravidade do buraco negro a sugar-lhe as cores do mundo. Não encontrou lenitivo em suas crenças, muito menos na falta delas.
Saiu do banheiro e seguiu o cortejo até a cova, aquele ínfimo retângulo numa colina onde a passagem já determinava pisotear nomes, histórias, passados. Estacou numa daquelas lápides para verificar o derradeiro, 'Maria Aparecida Carvalho', *12.01.1982, ƚ 06.08.2012. Apertou os olhos em desespero e rogou em silêncio ser tirado dali, resgatado, transmutado, acordado em outro lugar onde pudesse ouvir sua voz de novo, seu epíteto acolhedor, "sim moço...". Nada... estava mesmo ali a cruzar o Aqueronte. Ao abrir os olhos o cinza asfixiante das gentes, do choro, da tristeza a pairar como um fog fantasma. As lembranças do hospital, seus corredores agora num gradiente de cinza que ia desde o quase branco ao quase negro, como aquele quarto de onde fugiu ao ouvir desesperado seus últimos suspiros. Do corredor, já em transe e daltônico, viu pessoas igualmente graves, sem brilho. A força da gravidade daquele quarto, o buraco negro a tragar tudo, até mesmo os raios de luz daquela manhã quando a mãe veio dizer-lhe que tudo acabara. Adentrou novamente o diâmetro daquele eclipse desvencilhando-se tão rápido quanto pôde logo depois, a fugir da escuridão a cegar-lhe, acinzentada.

Deixou o enterro logo após a descida do caixão naquela cova funda, sob a perspectiva de um mundo em tons infinitos de cinza, a começar pelo cemitério com a grama de um cinza claro, como uma névoa rasteira. Seguiu qual um zumbi mudo, errante.
Pessoas falavam, tocavam seu ombro, mas não era capaz de sentir nada. Duvidou da audição, se ainda ouvia, algo que constatou verdadeiro após ser achacado pela buzina de um carro pedindo passagem na saída do cemitério. O carro cinza claro, três pessoas dentro, cinzas, de cabelos acinzentados. Cinza, claro, suas preocupações imediatas, sua vaidade. Quase negro, cinza escuro seu orgulho. Bobagens num cinza quase branco, errático, fugidias e fugazes agora inteiramente despidas na sua curta extensão e efemeridade. Viu-as todas, arrependendo-se delas.

Era assim que viveria então, sem sentir o perfume das flores - afinal todas teriam o cheiro do crisântemo ou dos cravos, acinzentadas - nem mais entender a cor das manhãs.
Duvidou se sobrara-lhe mesmo o tato, o paladar... mas não tinha fome, e quem gostaria de possuir naquele momento, a única libido que queria de volta, era a vida.
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Figura: triskle
Tríscele em http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=3: símbolo indo-europeu, palavra de origem grega, que literalmente significa "três pernas", e, de fato, este símbolo nos lembra três pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo. Na cultura celta é dedicado à Manannán Mac Lir, o Senhor dos Portais entre os mundos.
Tudo indica que o número três era considerado sagrado pelos celtas, reforçando o conceito da triplicidade e da cosmologia celta de: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior.
O triskelion também é conhecido por triskle ou triskele, tríscele, triskel, threefold ou espiral tripla, e possui dois grandes aspectos principais de simbolismo implícitos em sua representação, que são: 
- Simbologia ligada ao constante movimento de ir, representando: a ação, o progresso, a evolução, a criação e os ciclos de crescimento. 
- Simbologia ligada às representações da triplicidade: Corpo, Mente e Espírito; Passado, Presente e Futuro; Primavera, Verão e Inverno... Os ciclos de transformação.

Tríscele em http://fontesdeluz.blogspot.com.br/2011/04/triskle.htmlTriskle é um símbolo celta que representa as tríades da vida em eterno movimento e equilíbrio.
*nascimento, vida e morte
*corpo, mente e espírito

O "polvo" ou: Os NÃO "cumpanheros"


A seguir como vamos, um dia...

Watch out!!!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pecado capital

"Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes."
Goethe , Johann

Já citei anteriormente uma observação do Olavo de Carvalho sobre o 'princípio da abundância' aplicado à inteligência, uma espécie de antítese do princípio da escassez na economia. Ou seja, quanto menos visão e cultura, mais o maganão tem a sensação de ser o único iluminado do pedaço. 
Até ai tudo normal, faz parte do jogo, do extrato moderno onde ignorância passou a ser virtude cívica[1]. O problema é quando a soberba, alimentada por sabujos e acólitos, dinheirama ou poder sem meritocracia turva de vez a perspectiva do prodígio acerca de si mesmo, alçando-o "ao infinito e além". 
O sujeito passa a ser comparado a um deus, como se já não fosse suficiente considerar a si próprio o demiurgo criador de todas as coisas. 
(...)
A arrogância de vez em quando ataca qualquer um de nós, pobres mortais. É normal que sob a prepotência de nosso próprio - porém efêmero - sucesso, desatemos a distribuir destemperos, ofendendo, diminuindo alguns à nossa volta. Mas caso de fato haja algum resquício de bom senso, basta um evento, um único pito ou carraspana para que sejamos transportados de novo ao solo, e a queda do cavalo, embora por vezes constrangedora ou até vergonhosa, é sempre positiva. Pelo menos é como vejo, eu que compartilho da opinião do Mainardi:
"Eu sempre tive uma opinião muito mais negativa a meu respeito do que a maior parte dos meus detratores. Isso ajuda a não perder de vista a minha insignificância."

Mas nem sempre tal clarividência é partilhada por todos. O orgulho desmesurado faz com que alguns só enxerguem a si mesmos como dissemelhantes, únicos, acima de tudo e de todos. Afinal, beijados pela providência ou ungidos pela causa, mesmo quando pegos em equívocos crassos, incapazes que são de admitir a falha, reagem com mais arrogância, truculência ou simplesmente evaporam da discussão como que teleportados de volta ao Olimpo. Nunca mais falarão do assunto, ainda que instigados, como se aquilo nunca tivesse acontecido.

Esses pseudo-deuses costumam fazer mais estragos que os deuses da mitologia. Afinal, Zeus baniu Cronos para o Tártaro, após fazer vomitar os irmãos que o pai engolira. 
Já por aqui, as histórias tem menos glamour, menos nobreza, de tão reais e tristes que são. Tudo não passa de conluios, arranjos, promiscuidades e pragmatismos. E se Zeus ainda podia soltar alguns relâmpagos, nós aqui estamos mais sujeitos a apagões... de energia, criatividade e principalmente de caráter. E pior, de mitologia isso aqui não tem nada.

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[1] Millôr
Figura: A poetisa Ono no Komachi medita sobre a arrogância e a frieza que teve para com os seus namorados quando fora jovem e bela. (Ukiyo-e "Cem aspectos da Lua", número 7 de Tsukioka Yoshitoshi - 1886)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A meada do fio

Tenho saudade do meu pai. Mas diferente do Briguet, não me lembro dele em conversas sobre literatura, ou filosofia. Na verdade, sinto falta de nosso parlamento permeado por cacos de causos de Minas Novas, ou das impressões e reminiscências que puxava de suas aventuras e desventuras como caminhoneiro do Vale. Um diálogo absolutamente estranho aos neófitos, como se fôssemos extraterrestres, prot e seu filho do planeta K-PAX distante 1000 anos-luz da Terra, na constelação de Lira.
Até o silêncio carregado de gravidade, afinal, ambos sabíamos do hiato tudo o que estávamos a dizer um para o outro, sem emitir uma única palavra.
Foi assim até o final, muito mais dito nas pausas, olhares.

(...)

"Cai n'água"... "Nhô nhão..."
O velho me disse coisas, e não terei tempo para esquecê-las... Não viverei o suficiente para que o tempo (abusado e intrujeiro) apague minhas memórias dele... essa eu venci, por puro prognóstico clínico. Aliás, "suporte clínico" é só uma definição infame, que prefiro, essa sim!, esquecer.
Meu filho beijou-me a testa ontem à noite antes de sair para três dias de praia em Santa Catarina, na casa de um amigo. Me disse que no prédio há quadra de tênis e levou sua raquete. Anda jogando um tênis que me enche de certeza... puro prognóstico paterno. Já minha filha se enfiou num vestido curto brilhante e foi para uma balada teen com uma amiga. Muy certamente seu namoradinho da escola já a esperava por lá... mero prognóstico... cheio de ciúme. A mais velha chegou mais tarde do trabalho após ter parado no cinema... e agora me arrependo de não ter prestado atenção quando me contou sobre o filme ontem à noite, não me lembro do título enquanto escrevo essas linhas... Mas lembro-me de que tudo começou com ela, vinte e três anos atrás, e de como meu velho, embora assustado, apoiou-me incondicionalmente... fez mais, à minha revelia e conhecimento, adotou minha esposa como filha e deu a ela, mesmo nos momentos em que estivemos em lados opostos, o mesmo apoio que deu a mim. Nesse pormenor não tinha partido... que nem eu, que hoje como único partido tenho o 'partido alto', do samba, no bar Botafogo ali no Mercês. E pego de novo o fio, embora às vezes ele me pareça fundido com pedaços avulsos do presente, passado, até futuro, numa desordem calculada, numa sequência atemporal, como um todo.
Minha vida é assim, um ciclo... onde inevitavelmente volto... e acabo começando tudo de novo, e falo de meus velhos, meus filhos, de novo, e de novo... outra vez.



domingo, 16 de setembro de 2012

Faroeste digital

Rapaz, de twittismo entendo nada não. Menos ainda de redes sociais, afinal, sou apenas um caipira pernóstico, daqueles que gostam de pensar difícil ou fazem de um tudo para parecer que é assim, ainda que provincianamente - com aquela discrição sepulcral que distingue derradeiramente os mineiros dos baianos. Escondo-me em "complicações" calculadas para afastar abelhudos e a turba insana que fareja sangue fresco à distância com seus faróis politicamente corretos.
Mas mentiria se dissesse que não quero ser lido, isso é bobagem. Só não pago o preço e nem transgrido algumas normas tácitas inventadas por mim mesmo, pautadas por timidez e meu orgulho, talvez, mas das quais não abro mão.
Ai, caso queira realmente ler, é opção só sua, pois terá de realizar o esforço de navegar e me achar na Net. Não mando mails, não posto no face ou no twitter.
Eu sei, as redes são a nova arma da mobilização e do engajamento. Vide a primavera árabe, antes o quebra-quebra em Londres, mas veja também as brigas entre torcidas organizadas agendadas luxuosamente nas redes. Nessas primaveras não há flores. Veja também a invasão de privacidade, o moedor de reputações cujo rotor são vídeos que não deveriam ser públicos ou simplesmente calúnias devidamente plantadas como estratagema de engenharia social de fim escuso e quase sempre duvidoso. Nada de legislação na Net, ainda.
É o faroeste moderno onde avatares sacam suas armas em duelos na "rua principal" e abatem displicentemente qualquer transeunte mais incauto.
Só que os cowboys aqui costumam não ter a menor graça.
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Imagem: do filme brasileiro 'Rogo a Deus e Mando Bala' de 1972 escrito e dirigido por Oswaldo de Oliveira.

sábado, 15 de setembro de 2012

Tito, A Queda, a esquerda, o sarcasmo e o lado direito do cérebro

Mino Carta não gosta do Mainardi. PHA não gosta do Mainardi. Lula não gosta do Mainardi (muy certamente Marilena, Safatle, Quartim também não).... Basta!!!  Razão suficiente para comprar seu último livro. Afinal, MC, PHA, squid e uns tantos são uma espécie de filtro ao avesso, um controle de qualidade com o sinal trocado: o que eles disserem, faço exatamente o contrário. Batata! Nunca falha.

A Queda - As memórias de um pai em 424 passos - é bárbaro. Comprei o livro na hora do almoço e o terminei à noite. De Ezra Pound a Dante Alighieri passando por Menguele, Christy Brown, Vertigo, Proust, transformers, Neil Young, Giacomo Leopardi, tantos, distantes, separados, juntos, cambaleantes como os passos de Tito. Demandou-me um bom tempo pesquisando um e todos.
Esse pra mim é sem dúvida o grande legado de um bom livro, você sair melhor.

Evidente que estou na contramão do politicamente correto imposto pelas minorias majoritárias onde menções a Shakespeare, à Divina Comédia e até a Monteiro Lobato podem soar como preconceito, racismo ou como outra palavra-gatilho psicoticamente socializada hoje em dia. No mínimo e melhor das hipóteses me chamariam de pernóstico burguês conservador, reacionário e me mandariam ir ver a meninada batendo lata no Morro do Cantagalo (precisava ser lata? Não dava pra ser violão sete cordas, cavaquinho, pandeiro e cuíca??? Desde Noel, Cartola, Nelson Cavaquinho morro e favela tão mais pra samba pô!!!).
Aliás, essa turma nunca terá uma compreensão exata de alguns autores, falta-lhes a integridade do hemisfério direito do cérebro responsável por interpretar o sarcasmo e a ironia.
Isso mesmo, provavelmente áreas destruídas por anos de disseminação ideológica compulsiva, pouca leitura ou leitura patrulhada, dirigida, militância cega... É muita carta capital, conversa afinada...

Mas deixe-me esclarecer, do 'HowStuffWorks' trago trechos do artigo abaixo:
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 O Sarcasmo na literatura [1]
Embora não seja possível identificar a primeira vez em que foi utilizado, o sarcasmo, sempre foi importante na literatura (juntamente com a sátira) como uma espécie de humor ou simplesmente uma maneira de expressão. Muitos estudiosos da Bíblia mostram exemplos de sarcasmo nas escrituras sagradas. Eclesiastes 11:9 diz: "alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos. Sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo" (Nova Versão Padrão Americana). Muitos estudiosos bíblicos interpretam isso como "se quer ser julgado por Deus, faça o que quiser".

William Shakespeare é conhecido pelo seu uso de sarcasmo. Na peça "Júlio César", o personagem de Marco Antônio faz um discurso no funeral de César que começa da seguinte maneira: "amigos, romanos, cidadãos dêem-me seus ouvidos". Nesse discurso, Marco Antônio repete a frase "homem honrado" diversas vezes, referindo-se a Brutus, cujos atos (assassinato de César) foram tudo menos honrados. Tal repetição causa o efeito de inverter completamente o significado literal da frase.

Quando o sarcasmo é escrito em vez de falado, o leitor deve ser capaz de identificá-lo no contexto, já que não há entonação de voz. Essa dificuldade pode ser a origem da suposição, "o sarcasmo é a pior forma de sagacidade, mas a melhor forma de inteligência".
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Mas é da BBC News que trago a pesquisa que menciona as áreas do cerébro responsáveis pela interpretação do sarcasmo. E adivinhem? Estão do lado direito.
Por isso todos eles ainda repetem como papagaios "o Mainardi só escreve por dinheiro" (o Mino não. O PHA também não), tudo consequência de um artigo dele carregado da mordacidade que alguns cérebros danificados não podem ou querem entender. Sempre foi assim. Por isso mesmo nada de Voltaire, Orwell, Schopenhauer... Dá indigestão... mental.
Image of the brain
The scientists pinpointed three important brain areas
Scientists say they have located the parts of the brain that comprehend sarcasm - honestly.
By comparing healthy people and those with damage to different parts of the brain, they found the front of the brain was key to understanding sarcasm.
Damage to any of three different areas could render individuals unable to understand sarcastic comments.
The Israeli team from Haifa University told Neuropsychology how their findings might help to explain autism features.
Autistic children can have problems interpreting sarcasm as well as other social cues such as emotions.

If someone has a problem understanding a social situation, he or she may fail to understand the literal language
Researcher Dr Simone Shamay-Tsoory
This same skill is sometimes lost in people with brain damage, suggesting similar brain regions may be involved in autism.
Brain scan studies of autistic children have shown that they have different activity in the frontal lobe to other children.
Dr Simone Shamay-Tsoory and colleagues studied 25 people with prefrontal lobe damage, 16 with damage to the posterior lobe of the brain and 17 healthy volunteers.
They played the study participants tape-recorded stories, some sarcastic and some neutral.
An example of sarcasm was "Joe came to work, and instead of beginning to work, he sat down to rest. His boss noticed and said to Joe 'don't work too hard.'"
In fact, what Joe's boss actually meant by his comment was "you are a slacker".
In the neutral version Joe came to work and began work immediately. His boss made the same "don't work too hard" comment, but this time, he actually meant that Joe was a hard worker.
The volunteers who had damage to their prefrontal lobes were unable to correctly interpret the sarcastic story, while all of the other participants could.
Anatomy
Dr Shamay-Tsoory said this fitted with what is already known about the anatomy of the brain.
She said language areas on the left hand side of the brain interpret the literal meaning of words and the frontal lobes and the right side of the brain understand the social and emotional context.
An area called the right ventromedial prefrontal cortex then integrates the literal meaning with the social/emotional context, which will reveal any sarcasm.
"A lesion in each region in the network can impair sarcasm, because if someone has a problem understanding a social situation, he or she may fail to understand the literal language," she said.
A spokeswoman from the National Autistic Society said: "The causes of autism are still being investigated.
"Many experts believe that the pattern of behaviour from which autism is diagnosed may not result from a single cause.
"There is strong evidence to suggest that autism can be caused by a variety of physical factors, all of which affect brain development."

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Fontes:
[1] - http://pessoas.hsw.uol.com.br/sarcasmo2.htm
[2] - http://www.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=sarcasmo.htm&url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/4566319.stm