Um luto ainda me persegue. Não é culpa minha, a onipresença do meu velho sempre foi minha companheira, estivesse ele de corpo presente ou não.
Falo então com ele todos os dias, toda hora, como se ainda ouvisse seus conselhos e brincadeiras, esse eco que por deus, espero permaneça em meu crânio pra sempre.
Não sei quantos podem dizer o mesmo acerca do pai.
Mais engraçado é que depois de tantos erros e traumas, mútuos, viramos esse amálgama como se fôssemos um só. Hoje sei que somos, porque se a ele não foi dada a escolha, a minha fiz com convicção e vontade: mantê-lo comigo, eternamente vivo, em minhas lembranças, onde o maldito câncer não tem efeito nem alcance, não passa de uma imperfeição ou pesadelo num mundo onde o demiurgo sou eu... e é lá que viverá pra sempre, sem os riscos ou males do mundo, ladeado por outros, muitos... todos eles salvos do fim.
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