sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Unanimidade burra

Nunca gostei de chamar a atenção nem de falar em público... menos ainda de tocar as duas ou três músicas que sei ao violão - das quais não consigo mesmo me lembrar das letras.
Enfim, constato novamente que nasci mesmo desprovido de qualquer carisma, esse dom que se concedido ao cabra errado transforma charlatães em gurus, picaretas em intelectuais, analfabetos em colunistas do New York Times.

Evidente que para um psicólogo ou sociólogo progressista o diagnóstico seria diferente e as declarações acima, filtradas pelo crivo do politicamente correto e da novilíngua engajada definiriam-me como reacionário pequeno burguês, racista, preconceituoso, fascista, etc. etc. etc., seja lá o que isso signifique.
Qual explicação qual nada... palavras-gatilho são o novo moedor de consciências e o inibidor de sinapses mais efetivo que existe transformando idiotas úteis em linchadores e juizes de crimes de opinião. Junte-se a isso os artigos dos pseudo-intelectuais (os intelequituais de quem o Millôr tirava sarro) que dizem explicar, mas ao contrário, só usam e abusam da erística (quando muito) para impor seus sofismas. Como argumento de autoridade citarão Singer, Safatle, Chaui e até Frei Betto. Todos pensadores de uma nota só, ou virão com um desses artigos pinçados de algum AIE na imprensa ou blogosfera oficiosa, idônea e "livre como um táxi". A geometria Euclidiana nas mãos desses think tanks ideológicos só teria negado o postulado das paralelas se atendesse ao partido. Caso fossem o padre jesuíta Girolamo Saccheri (1667-1733), certamente teriam queimado o resultado frustrado da prova por negação ou redução ao absurdo do quinto postulado de Euclides e estaríamos até hoje sem as geometrias Riemanniana ou de Lobachevski. E Einstein teria penado um pouco mais pra explicar a relatividade sem elas. Relatividade, que não por acaso - mas no sentido pejorativo - tornou-se o mantra para validar qualquer descalabro à luz da causa. É a zorra...
A militância é tão extensa que hoje o linchamento de qualquer opinião que não se alinhe ao status quo é norma e fato. Sequestraram a bondade e tornaram-se os guardiões do que é certo ou errado.

Do blog do Briguet trago referência a dois tipos dessa trupe iluminada no passado:
Goebbels disse: “Aqui eu decido quem é e quem não é judeu”.
Beria disse: “Aqui eu decido quem é e quem não é inimigo do povo”.

Hannah Arendt sabia bem onde terminariam arroubos como esses e dizia: "O revolucionário mais radical se torna um conservador no dia seguinte à revolução."

(...)

Com isso me lembro imediatamente da frase de um amigo: "quando me vejo me acho uma b... Mas quando me comparo..."

(...)

Continuo me achando um m... E sei que a cultura anda escondida por ai, dispersa em livros e livros aos borbotões, acima e abaixo do óbvio propalado oficialmente como tal. De quando em vez me atrevo a escavar e ler algo relevante... ainda.
No entanto, a preguiça me compele no mais das vezes ao voyeurismo, puro masoquismo, como ver a TV Câmara ou TV Senado na época em que não tinha TV a cabo.
Ai, por vezes sou acometido de súbita ira e vontade lancinante de esculhambar com algumas tolices e paralogismos que leio das redes.
Mas (in)felizmente passa minutos depois. Lobão (logo ele) me ensinou que isso seria o mesmo que jogar xadrez com pombo. E francamente, ando sem a menor paciência de falar com malucos.

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